1233 – Papa cria Inquisição em França
O Inquisitio hereticae pravitatis, criado pelo papa Gregório IX, visava combater as novas seitas religiosas e desmascarar e condenar os heréticos e os falsos católicos, bem como impedir os excessos e arbitrariedades do poder senhorial e episcopal, que não raro usava a acusação de heresia para se apropiar dos bens dos acusados. Este tribunal de excepção transformou-se rapidamente num dos mais sinistros símbolos da intolerância e prepotência da Igreja. Instrumento eficaz na caça aos cátaros no Sul de França, cedo passa a ser sinónimo de terror. O nome decorre do próprio procedimento, já que cabe aos juízes iniciar o processo e procurar os suspeitos de heresia sem necessidade de denúncia ou queixa de terceiros. O aparecimento da Inquisição marca o fim de uma época em que a Igreja se regeu pelo princípio fides suadenda, non impodenda (a fé deve ser persuadida, não imposta), ainda vigente no séc. XII, e o início da repressão implacável que, segundo a gravidade dos “crimes”, ia da morte na fogueira à prisão ou pena canónica e à excumunhão. A execução dos alegados hereges era deixada a cargo do braço secular: a Igreja não pode tirar a vida. Após dois séculos de Inquisição medieval surge a Inquisição moderna, concentrada em Portugal e Espanha, que dura do século XV ao XIX.