- Nº 2526 (2022/04/28)

Atirar a pedra e esconder a mão

Opinião

Tem sido incessante o chorrilho de premeditada mentira, deturpação, caricatura, do bolçar do ódio anticomunista, que nutre e anima concepções e projectos antidemocráticos e fascizantes, perante a corajosa e firme posição do PCP em defesa da paz, contra a guerra, de rejeição da tentativa de imposição de um pensamento único.

Os arautos que, em coro, ecoam a diferentes tons a instigação da escalada de confrontação e de guerra não perdoam que o PCP, que sublinha a natureza de classe do actual poder na Rússia e se demarca deste, não escamoteie ou aplauda aqueles que são os primeiros e principais responsáveis pelo agravamento da situação no mundo e, nomeadamente, na Europa, incluindo pela guerra na Ucrânia que dura desde há oito anos.

O que estes não perdoam é que o PCP não esconda ou branqueie a política agressiva dos EUA, levada a cabo com o suporte dos seus aliados da NATO e da UE, contra países e povos que não se submetam aos seus ditames e interesses, em que se insere o incremento da política de confrontação contra a China e a Rússia. Que o PCP denuncie e alerte para os propósitos, as implicações e os perigos do continuo processo de alargamento da NATO, da instalação de forças e realização de manobras e de outras provocações militares visando a Federação Russa, no quadro da estratégia de cerco deste país por parte daquele bloco político-militar agressivo.

Como não perdoam que o PCP não esqueça ou não branqueie o golpe de Estado de 2014 na Ucrânia, que instaurou um poder xenófobo e belicista, rodeado e sustentado por forças de cariz fascista e neonazi, incluindo de carácter paramilitar. Que o PCP não omita que este poder é, desde há oito anos, responsável pela imposição de inaceitáveis discriminações, por violentas perseguições, por uma brutal guerra contra a sua própria população na região do Donbass, pela opressão dos comunistas e de outras forças políticas que se opõem à sua política.

O que estes não perdoam é que o PCP denuncie a propaganda de guerra e alerte para os seus reais objectivos e graves consequências, que exponha que a instigação da confrontação e da guerra só levará ao agravamento do conflito, à perda de mais vidas humanas, a maior sofrimento, ao dificultar do cessar-fogo e da solução negociada que se impõe, a dramáticas consequências para os povos da Ucrânia e da Rússia, a riscos imensos para os povos da Europa e de todo o mundo.

O que estes não perdoam é que o PCP aponte os que atiram a pedra e escondem a mão, isto é, que não cale as responsabilidades dos EUA, da NATO e da UE, do poder ucraniano, na evolução dos acontecimentos que estão na origem da actual situação.

Por mais que seja a insistência na propaganda de guerra, no dislate, no discurso de ódio, o PCP continuará do lado da paz, afirmando que são urgentes e necessárias iniciativas e medidas sérias que, contrariando a lógica da confrontação e da guerra, favoreçam o diálogo e abram o caminho da negociação e da paz.

É por isso que o PCP afirma a sua posição de defesa dos princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional e condena todo o caminho de ingerência, violência e confrontação, o golpe de Estado que os EUA promoveram na Ucrânia e que instaurou um poder xenófobo e belicista, a recente intervenção militar da Rússia na Ucrânia e a intensificação da escalada belicista dos EUA, da NATO e da União Europeia.


Pedro Guerreiro