Trabalhadores exigiram nas ruas aumento geral dos salários

O mo­vi­mento sin­dical uni­tário re­a­lizou, no dia 8, ac­ções de sen­si­bi­li­zação da po­pu­lação e mo­bi­li­zação dos tra­ba­lha­dores, para su­bli­nhar a ne­ces­si­dade de au­mento geral dos sa­lá­rios e pen­sões, de modo a fazer face à es­ca­lada do custo de vida, sa­li­en­tando que os lu­cros e os di­vi­dendos não estão a ser pre­ju­di­cados, antes pelo con­trário.

«O 1.º de Maio tem de ser um mo­mento alto deste pro­cesso de luta»

Na tri­buna pú­blica re­a­li­zada de tarde, em Lisboa, na Praça Luís de Ca­mões, a Se­cre­tária-geral da CGTP-IN afirmou que «é a opção por manter in­to­cável o lucro deles, de uma mi­noria, que está na base da si­tu­ação que atra­ves­samos».

A ca­rac­te­rizar esta si­tu­ação, como Isabel Ca­ma­rinha re­gistou, foram dados «muitos exem­plos de como é cada vez mais di­fícil chegar ao fim do mês, de como o poder de compra se de­grada, de como o au­mento dos sa­lá­rios e das pen­sões, que con­se­guimos com a luta, ou as ac­tu­a­li­za­ções por actos de gestão (como os 0,9 por cento na Ad­mi­nis­tração Pú­blica, que nem ac­tu­a­li­zação me­rece ser cha­mada) são in­su­fi­ci­entes para co­brir o ex­po­nen­cial au­mento de bens e ser­viços es­sen­ciais às nossas vidas».

Ora, «são os lu­cros da GALP e das res­tantes em­presas que do­minam o mer­cado dos com­bus­tí­veis, que fazem subir os preços», pois «vendem a dois euros um pro­duto que há muito com­praram por preços muito mais baixos».

Se­me­lhante si­tu­ação ocorre na energia, sector onde «a EDP e as res­tantes em­presas do sector se pre­param para apro­veitar a si­tu­ação para au­mentar preços». A Se­cre­tária-geral acusou: «São os di­vi­dendos de cen­tenas de mi­lhões de euros, que todos os anos dis­tri­buem, que fazem subir preços.» E lem­brou que, ainda no dia 6, a EDP «dis­tri­buiu mais de 700 mi­lhões de euros pelos ac­ci­o­nistas», en­quanto «para os tra­ba­lha­dores apre­senta uma pro­posta de 0,8 por cento», o que mo­tivou uma greve e uma con­cen­tração frente à sede da em­presa, nesse dia.

Isabel Ca­ma­rinha re­feriu ainda a grande dis­tri­buição co­mer­cial, um «mer­cado do­mi­nado pelos grandes grupos eco­nó­micos», onde «é a gula pelo lucro que está na base do au­mento dos preços».

Quanto à res­posta do Go­verno, a CGTP-IN con­si­dera tratar-se de «pa­li­a­tivos que não re­solvem o pro­blema», mas pro­pi­ciam «uma trans­fe­rência de di­nheiro do erário pú­blico para o bolso dos ac­ci­o­nistas». Como re­sul­tado, «a es­pe­cu­lação não pára, os lu­cros crescem e os preços não descem».

No ime­diato e em pers­pec­tiva

Além da «des­cida ime­diata do IVA da energia para seis por cento» e da «fi­xação de preços má­ximos, que travem a es­pe­cu­lação», Isabel Ca­ma­rinha de­fendeu «me­didas para co­locar as em­presas do sector ao ser­viço do de­sen­vol­vi­mento, li­ber­tando-as da ló­gica do lucro má­ximo», ob­ser­vando que, «se a si­tu­ação é ex­tra­or­di­nária, então, as me­didas para lhe fazer face também têm de ser ex­tra­or­di­ná­rias».

Há que «travar a es­ca­lada da ex­plo­ração», e para isso «os sa­lá­rios têm de au­mentar», in­cluindo o sa­lário mí­nimo na­ci­onal (SMN), cujo au­mento o Go­verno «apre­sentou como his­tó­rico», mas «é já ir­ri­sório, para fazer face ao au­mento dos preços», com o qual «já desde final do ano pas­sado os tra­ba­lha­dores e a ge­ne­ra­li­dade da po­pu­lação es­tavam con­fron­tados».

«Exi­gimos o au­mento geral dos sa­lá­rios, em 90 euros, para todos os tra­ba­lha­dores, e 850 euros de sa­lário mí­nimo, no curto prazo», re­a­firmou a di­ri­gente, fri­sando que «aquilo que é criado no nosso País chega e sobra para que se faça outra dis­tri­buição da ri­queza, para que vá menos para os grandes ac­ci­o­nistas e mais para quem tra­balha».

Para os tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica e para o valor do SMN, o Go­verno «tem à sua dis­po­sição todos os ins­tru­mentos para dar a res­posta que a di­mensão dos pro­blemas exige», mas «no caso dos res­tantes tra­ba­lha­dores, são pre­cisas me­didas que re­movam os blo­queios à evo­lução dos sa­lá­rios».

Nestas a CGTP-IN in­clui as normas gra­vosas da le­gis­lação do tra­balho, no­me­a­da­mente aquelas que, na con­tra­tação co­lec­tiva, «im­põem a ca­du­ci­dade das con­ven­ções co­lec­tivas e dos di­reitos dos tra­ba­lha­dores, negam o prin­cípio do tra­ta­mento mais fa­vo­rável e, assim, são usadas como arma de chan­tagem e pressão do pa­tro­nato para re­cu­armos nos di­reitos e nos sa­lá­rios».

 

Luta é de­ter­mi­nante

Isabel Ca­ma­rinha re­cordou que «a luta, o es­cla­re­ci­mento, a mo­bi­li­zação, a or­ga­ni­zação e a uni­dade dos tra­ba­lha­dores são o factor de­ter­mi­nante, para avançar nos di­reitos e forçar o au­mento geral dos sa­lá­rios».

De­pois da jor­nada de dia 8, «o 1.º de Maio tem de ser um mo­mento alto deste pro­cesso de luta, uma grande jor­nada de luta na­ci­onal, onde os tra­ba­lha­dores, unidos e or­ga­ni­zados nos sin­di­catos da CGTP-IN, vão exigir so­lu­ções e lutar por me­lhores con­di­ções de tra­balho e de vida, pela mu­dança de rumo que ga­ranta o de­sen­vol­vi­mento do País, a paz e a jus­tiça so­cial», apelou a Se­cre­tária-geral da con­fe­de­ração.

 

De Norte a Sul

Em Se­túbal, cen­tenas de tra­ba­lha­dores de vá­rios sec­tores reu­niram-se no Au­di­tório Bo­cage, de onde des­fi­laram, em ma­ni­fes­tação, até ao Largo da Mi­se­ri­córdia. Entre ou­tros, aqui in­ter­vi­eram Luís Leitão, co­or­de­nador da União dos Sin­di­catos de Se­túbal, e Isabel Ca­ma­rinha, Se­cre­tária-geral da CGTP-IN.

Mesmo com chuva, a CGTP-IN re­a­lizou, no Porto, junto da es­tação de Cam­panhã, uma tri­buna pú­blica, contra o au­mento do custo de vida e pelo au­mento dos sa­lá­rios e das pen­sões. Em vá­rios lo­cais foi feita dis­tri­buição de um fo­lheto pro­du­zido para esta jor­nada, no qual se con­si­dera «emer­gência na­ci­onal» o au­mento do ren­di­mento dos tra­ba­lha­dores e dos re­for­mados.

Foram re­a­li­zadas ac­ções de dis­tri­buição de fo­lhetos no Hos­pital de Évora e na Tyco, na Em­braer e no call center da Fi­de­li­dade, re­a­li­zando-se uma tri­buna pú­blica frente ao centro co­mer­cial Plaza.

Em Por­ta­legre, di­ri­gentes sin­di­cais com car­tazes e am­pli­fi­cação so­nora le­varam o pro­testo para a Ave­nida do MFA, frente ao centro co­mer­cial Fon­te­deira.

Na ci­dade de Beja, re­a­lizou-se uma acção de dis­tri­buição de fo­lhetos à po­pu­lação, nas Portas de Mér­tola.

Em Bra­gança, foram dis­tri­buídos fo­lhetos aos tra­ba­lha­dores da Câ­mara Mu­ni­cipal, do Hos­pital e da Fau­récia, bem como na feira se­manal.

Di­ri­gentes e ac­ti­vistas de vá­rios sec­tores re­a­li­zaram uma tri­buna pú­blica, na Praça do Mu­ni­cípio da Co­vilhã.

Junto ao Tri­bunal de San­tarém re­a­lizou-se uma con­cen­tração de di­ri­gentes e ac­ti­vistas sin­di­cais.

Uma tri­buna pú­blica teve lugar em Coimbra, na Praça 8 de Maio, no dia 6, à tarde, com in­ter­ven­ções de vá­rios di­ri­gentes sin­di­cais.

 

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