A luta da juventude e a construção do futuro

Sandra Pereira

No início de cada Primavera, comemoramos o Dia do Estudante, a 24 de Março, e o Dia Nacional da Juventude, a 28 de Março. E com essa esperança num futuro novo, nunca é demais lembrar o papel dos movimentos estudantil e juvenil para o desenvolvimento da luta antifascista, para o derrube da ditadura, para a conquista da liberdade, da democracia e dos direitos.

Se há 60 anos os estudantes portugueses lutavam contra o fascismo e pela liberdade, pelo direito de reunião e de associação, pela autonomia da universidade e a democratização do ensino, as exigências de hoje não os desmobilizam e a luta não esmorece! No passado dia 24, em frente à Assembleia da República, a manifestação dos estudantes pela valorização da escola pública foi uma demonstração da sua força e dos seus sonhos.

E hoje, 31 de Março, os jovens trabalhadores também saem à rua. Com a sua determinação, não se resignam às políticas que limitam o seu futuro e reivindicam a valorização dos salários, o combate à precariedade, a regulação dos horários e a semana laboral de 35 horas. E lutam também por políticas que tornem a habitação acessível e contra o aumento do custo de vida. E não esquecem o direito à cultura, ao desporto e ao lazer.

Os jovens precisam de uma resposta global aos seus problemas, uma resposta de ruptura com as políticas neoliberais, prosseguidas pela União Europeia (UE) e pelos sucessivos governos PS e PSD/CDS e que empurram milhares de jovens para a emigração.

As instituições europeias assinalam 2022 como o Ano Europeu da Juventude. Mas com a mesma cartilha, as condições de vida dos jovens não vão melhorar. É por isso que afirmamos que os jovens precisam de – e merecem – uma outra Europa: uma Europa onde possam afirmar o direito a ter direitos, o direito a uma vida melhor. Uma Europa onde a Escola Pública, Gratuita e de Qualidade seja uma realidade para todos, onde a precariedade se erradica e dá lugar ao emprego com direitos, onde o acesso à cultura, ao desporto, ao lazer, aos transportes públicos, a uma habitação digna, à saúde e à educação sexual, à igualdade de oportunidades não são miragens ou um rol de intenções. Uma Europa onde os jovens podem escolher viver no campo ou na cidade, na praia ou na montanha, sem que isso signifique uma discriminação adicional. Uma Europa onde as preocupações com as alterações climáticas não são instrumentalizadas para fazer novos negócios. Uma Europa onde a paz se constrói com diálogo, recusando o armamento e a militarização.

Uma Europa que não cabe nesta UE mas pela qual os deputados do PCP no Parlamento Europeu não abdicam de lutar. E pelos jovens e com os jovens, construiremos um futuro de paz, cooperação, direitos, prosperidade e felicidade para a juventude que nos inspira na luta pelos seus sonhos. É este o nosso compromisso.

 



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