1382 – A revolta fiscal dos Maillotins

Louis d'Anjou, Jean de Berry e Philippe de Bourgogne, os poderosos tios do rei Charles VI que asseguraram a regência de França até o monarca atingir a maioridade, pautaram o seu governo pela delapidação dos recursos do reino e a imposição de impostos em benefício próprio, o que gerou o descontentamento da burguesia. A gota de água que fez transbordar o copo terá sido o imposto sobre bens alimentares. A 1 de Março, num mercado de Paris, um cobrador de impostos é massacrado quando tenta fazer a colecta. A revolta alastra como um rastilho de pólvora: comerciantes, artesãos, vendedores e camponeses de Clichy e Ternes tomam de assalto o Arsenal e a Câmara Municipal, apoderam-se de dois mil maços de chumbo (maillets, o que vai dar origem à designação maillotins) ali armazenados e lançam-se num ataque à cidade. Cobradores e judeus são atacados, muitos são massacrados, e os respectivos registos queimados. O conselho de regência impõe a lei marcial; os confrontos violentos prolongam-se durante meses. O rei, que fora combater, com sucesso, as milícias flamengas, entra em Paris com milhares de tropas. A revolta fiscal, considerada a mais grave dos finais da Idade Média, em França, é brutalmente esmagada e os seus principais dirigentes mortos.