A coerência do PCP, a sua independência de classe, política e ideológica, a sua soberania de análise e decisão, o modo como assume com coerência o seu compromisso com os trabalhadores e o povo sempre motivaram o ódio das classes dominantes e foram alvo privilegiado das suas ofensivas.
Até aí, nada de novo. Faz parte da luta de classes. Outra coisa não seria de esperar no confronto de interesses antagónicos.
Acontece porém que, por vezes, esta luta assume níveis mais agudos em que a cruzada anticomunista é mais intensa, em que o ódio de classe é mais visível, em que a desfaçatez assume níveis que vão para lá de tudo o que se possa imaginar.
É o que nestes dias, perante a independência de classe do PCP face à guerra no leste da Europa, tem levado certos comentadores encartados a escrever.
Entre tantos, há uns que se destacam pelo nível mais primário do anticomunismo cavernícola que professam. É o caso de João Miguel Tavares (JMT) do Público que, há dias, entre tantas outras peças da artilharia anticomunista em que tem vindo a destacar-se, escreveu que «o PCP apenas confirmou ser tudo aquilo que a direita sempre disse que ele era e que o próprio PCP, justiça lhe seja feita, nunca escondeu – um partido revolucionário e iliberal, cuja prioridade sempre foi, e sempre será, colocar-se ao lado de quem está contra os Estados Unidos da América e contra o modo de vida que ele representa. Ponto.»
Ora, o PCP nunca escondeu os seus objectivos: anda aqui para transformar o mundo, para o tornar mais humano, melhor; a lutar pelos direitos, por uma alternativa à política de direita, a política patriótica e de esquerda; por uma democracia avançada inspirada nos valores de Abril; para acabar com a exploração do homem pelo homem. Ora, com tais objectivos, é, e nem poderia ser de outra forma, pela paz e contra a guerra, como o demonstrou sempre ao longo dos 101 anos de vida que já tem. E, sendo contra a guerra e pela paz, sabe identificar os responsáveis pela guerra, as suas causas mais profundas, ou seja, o capitalismo, o imperialismo e a sua acção exploradora, opressora, agressiva e predadora.
Será que custa assim tanto a perceber? O PCP é, inequivocamente, pela paz. E, portanto, contra a guerra, cujos custos (desde logo, em vidas) são sempre os trabalhadores e os povos a pagar. Ponto. Já JMT e os interesses que lhe encomendam e pagam o anticomunismo que «saliva» são pela guerra. Fazem dela copiosa fonte de negócio. A guerra faz parte do seu ADN de classe. Ponto.
A quem serve, afinal, o anticomunismo que por aí anda? À paz não serve, certamente. Ponto. Mesmo que mil vezes os porta-vozes da ideologia dominante afirmem o contrário.