PCP na linha da frente do combate por melhores condições de vida

«Da parte do PS, o que se vai vendo com a adquirida maioria absoluta é já o alargar das portas por onde entram os interesses do grande capital», afirmou Jerónimo de Sousa na sessão pública do PCP Contigo todos os dias – Salários, Pensões, Saúde, Habitação, no dia 19, na Baixa da Banheira, concelho da Moita.

Os problemas do País reclamam as respostas do PCP

O salão da União Desportiva e Cultural Banheirense encheu-se de gente para aquela que foi a terceira das três grandes sessões públicas que o PCP realizou após as eleições legislativas de 30 de Janeiro. Tal como na primeira, em Lisboa, e na segunda, no Porto, também ali se sentiu a energia e o espírito combativo dos militantes comunistas e de muitos que, não o sendo, partilham com estes aspirações e combates. Mais uma vez, ficou à vista de quem quis ver que fazer «boa cara ao mau tempo», não descansar nos «momentos bons» e não desanimar nos «momentos maus» é algo que continua a ser inerente ao PCP e aos seus militantes.

«Hoje está muito claro que a ambicionada e conseguida maioria absoluta do PS não era um objectivo apenas seu», afirmou o Secretário-geral do Partido no começo da sua intervenção. As eleições antecipadas, empurradas a pretexto do chumbo do Orçamento do Estado, e a solução governativa que daí resultou, eram objectivos de todos aqueles que «viam no papel do PCP um obstáculo aos seus projectos de exploração e um impedimento a uma mais explícita concretização da política de direita», precisou Jerónimo de Sousa.

Após dia 30 de Janeiro, foram rápidas as reacções de regozijo dos representantes dos grandes interesses económicos, como a do «patrão dos patrões da Confederação Empresarial de Portugal», lembrou. Ora, essas intenções são hoje ainda mais claras: «aí temos os representantes dos grandes negócios e do capital monopolista a exigir um novo Pacto a que chamam “acordo global de competitividade e rendimentos”, ao mesmo tempo que apresentam já um amplo “caderno de encargos” em nome do Conselho Nacional das Confederações Patronais», exemplificou Jerónimo de Sousa, para quem a agenda do grande capital está a ser retomada em força e será encoberta pela Concertação Social, onde o «patronato e a UGT acertarão o que o Governo PS carimbará».

As ditas reformas estruturais, novos negócios na área das funções sociais do Estado, deterioração da legislação laboral, desvalorização de salários, dinheiro público para negócios privados e reduções de impostos sobre os lucros é o que se pode esperar de um governo do PS livre do condicionamento da CDU.

Estranho caso dos CTT

«Se houvesse dúvidas, aí está o caso dos CTT a ilustrá-lo», sublinhou Jerónimo de Sousa. No dia 8 de Fevereiro, os CTT informaram a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários de que já tinham assinado um novo contrato de concessão com o Governo para mais sete anos, anunciando desde logo um aumento de preços em cerca de 6,8 por cento para o ano de 2022. Ao mesmo tempo, era publicada uma alteração à Lei Postal que facilita a degradação da qualidade do serviço, enquanto as acções dos CTT subiam 12 por cento.

«O serviço postal vai degradar-se ainda mais, vai ficar mais caro, mas os lucros vão aumentar. Perde o País, perdem as populações, perdem os trabalhadores dos correios e ganha o capital», salientou o Secretário-geral, acrescentando que o contrato de concessão entre o Estado e grupo económico detentor dos CTT estava «celebrado desde Setembro, mas com a sua expressão concreta escondida até depois das eleições».

«A concretizarem-se os projectos que apresentam aqueles que tanto valorizam a maioria absoluta e que pensam dela tirar partido, não é a solução dos problemas do País que procuram, mas o caminho da instabilidade da vida, dos direitos e das condições de vida do povo português», salientou ainda o dirigente comunista.

Linha da frente

«Trabalhamos e agimos num quadro mais difícil. A composição da Assembleia da República que resulta destas eleições, e em particular a maioria absoluta do PS, cria mais dificuldades à concretização das soluções para os problemas do País», sublinhou Jerónimo de Sousa. O PCP cá estará para prosseguir, determinado e com confiança, a intervenção em defesa dos interesses e aspirações dos trabalhadores e insistir nas propostas e soluções que o País exige, acrescentou.

Na perspectiva de avançar na intervenção, a verdade é que encontrarão o PCP nas mais diversas frentes de combate. Os comunistas estarão onde os «interesses dos trabalhadores, no activo ou reformados, dos intelectuais e quadros técnicos, dos micro, pequenos e médios empresários e agricultores, das mulheres e dos jovens o solicitem e exijam», assegurou o Secretário-geral.

Para o PCP, este é o momento de reafirmar que o País não está condenado às desigualdades, à estagnação económica e ao retrocesso social. Os portugueses não estão condenados a salários e pensões baixas, à precariedade e às desregulação no trabalho e na vida, à exploração, à falta de serviços públicos e habitação.

Fortalecer o PCP

Durante a sua intervenção, o Secretário-geral do PCP também salientou que os últimos anos foram marcados por uma «intensa e prolongada ofensiva política e ideológica» que visou atingir o PCP e a CDU.

«Uma ofensiva que não só manipulou posicionamentos como difundiu amplamente estereótipos estigmatizantes do PCP e do PEV, promovendo a manipulação mais descarada das suas práticas e projectos», afirmou, acrescentando que esta não é a primeira vez que os comunistas e os progressistas da CDU, vivem uma situação idêntica. «Fomos capazes de as ultrapassar com êxito. Também agora o vamos conseguir».

Segundo Jerónimo de Sousa, para responder à exigente evolução da situação nacional, é preciso analisar, debater e traçar caminhos que vão no sentido do reforço da organização partidária, pois é desse reforço que dependerá a «garantia da defesa dos trabalhadores, dos interesses populares e do País».

Os trabalhadores e o povo podem contar com o PCP e a sua intervenção decisiva na defesa e afirmação dos seus direitos. «Seja em que circunstâncias forem, olhamos para os problemas do nosso povo e da nossa pátria, e estaremos à altura de responder à construção da alternativa patriótica e de esquerda, da democracia avançada com os valores de Abril no futuro de Portugal, à luta pelo socialismo e o comunismo», terminou.

«Continuar a lutar»

Mesmo antes de Jerónimo de Sousa, já Mónica Mendonça, da Direcção Nacional da JCP, tinha afirmado que à liberdade do PS para retomar os caminhos da política de direita, o aumentos das propinas, o desinvestimento nas escolas e o ataque aos direitos dos trabalhadores, a juventude responderá com combatividade. «Podem ter a certeza que não nos vai custar nada continuar o que fazemos e fizemos todos os dias que foi lutar pelos direitos da juventude», acrescentou.

Nenhum dos direitos dos jovens portugueses foi oferecido: «foi através da luta organizada que os conquistamos e é no prosseguimento dessa luta que os defenderemos», salientou.

«Valorizamos a concretização em toda a região de contactos individuais, bem como a realização de plenários, reuniões e iniciativas de avaliação onde se coloca, em todas elas, como prioridade do nosso trabalho, o reforço da organização e da influência do Partido», afirmou por sua vez Antónia Lopes, membro do Secretariado da Direcção da Organização Regional de Setúbal.

«Precisamos de aproveitar as potencialidades existentes para superar dificuldades e reforçar o Partido, com mais militantes, mais iniciativa, e aprofundar a sua ligação aos trabalhadores e ao nosso povo», disse ainda antes de terminar.

 

Defender Abril

Não é apenas o grande capital que tira proveito da maioria absoluta do PS, que se tem mostrado disponível em aceder à revisão constitucional ambicionada pelo PSD. Esta revisão, a confirmar-se, «é um sinal grave e preocupante no caminho dos projectos antidemocráticos que alguns querem ver retomados», sinalizou Jerónimo de Sousa. «O objectivo é amplo, conhecidas que são as propostas do PSD de subversão da Constituição da República», acrescentou.

«Estamos à beira de mais um 25 de Abril. Estamos quase a celebrar 49 anos de democracia. Uma boa altura para acrescentarmos o objectivo de defesa da Constituição e da própria democracia à nossa luta», afirmou também.

«A concretizarem-se os projectos que apresentam aqueles que tanto valorizam a maioria absoluta e que pensam dela tirar partido, não é a solução dos problemas do País que procuram, mas o caminho da instabilidade da vida, dos direitos e das condições de vida do povo português», salientou o dirigente comunista.

 



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