ACÇÃO, INICIATIVA E UM PCP MAIS FORTE

«sempre com os trabalhadores e o povo»

O quadro político e a relação de forças resultantes destas eleições legislativas ficam marcados, com a obtenção pelo PS de uma maioria absoluta, pelo avolumar das dificuldades e das resistências de dar solução e resposta aos problemas do povo e do País. Dificuldades e resistências que vinham em crescendo e se acentuaram a partir de 2019, com o segundo governo do PS de António Costa e que são inseparáveis das suas opções a favor dos grandes interesses económicos e financeiros e sua submissão à União Europeia.

Aliás, foi por querer fugir à solução desses problemas e à influência do PCP e do PEV, que o PS, ambicionando a maioria absoluta, em convergência com o Presidente da República, precipitou a realização destas eleições.

Sucede assim, como sublinhou Jerónimo de Sousa, na sessão pública do passado dia 5 em Lisboa, que «esta maioria absoluta, que beneficiou de uma extrema promoção da bipolarização e da dramatização do perigo da direita, deixa o PS com condições de levar mais longe o seu compromisso com a política de direita e manter as suas opções de subordinação aos grandes interesses económicos que dominam o País».

 

Quanto à CDU, o resultado obtido nestas eleições, ficando aquém do trabalho que realizou e do determinante contributo que deu para os avanços e conquistas nos últimos anos, do valor das soluções que apresentou para os problemas nacionais e da ampla campanha de esclarecimento e mobilização para o voto que realizou, representa um elemento negativo na vida nacional.

Mas o PCP continuará a agir para recuperar posições perdidas, tal como já aconteceu no passado, dando mais força à luta pelos direitos, pela ruptura com a política de direita e pela política alternativa patriótica e de esquerda de que o País precisa.

O País não está condenado às desigualdades, à estagnação económica e ao retrocesso social. Não está condenado a um modelo de baixos salários e pensões de reforma, à precariedade no trabalho e na vida, à desregulação dos horários, ao aumento da exploração, à dependência externa por razão da destruição da sua capacidade produtiva, à degradação dos serviços públicos e à liquidação do SNS, à dificuldade no acesso à habitação, à alienação de instrumentos e recursos indispensáveis ao desenvolvimento soberano do País e que estão hoje entregues, sobretudo, a grupos monopolistas estrangeiros. Situação resultante de décadas de política de direita e que as orientações e opções já assumidas pelo PS não estão em condições de alterar, antes podem ser agravadas pela acção revanchista do grande capital e dos seus projectos retrógrados e reaccionários.

 

A situação que o País atravessa coloca na ordem do dia a necessidade de uma resposta que enfrente e rompa com os interesses do capital monopolista e que assuma a necessidade da libertação do País da submissão ao euro e às imposições da União Europeia. Uma situação a que urge resistir e ampliar a luta, promover a unidade e convergência de democratas e patriotas, romper com a política de direita e afirmar uma política alternativa patriótica de esquerda. Uma política que dê centralidade à valorização do trabalho e dos trabalhadores, ao aumento geral dos salários, ao investimento público, ao aumento da produção nacional com redução das importações, à criação de emprego com direitos.

São necessárias respostas imediatas ao aumento do custo de vida pelo aumento geral dos salários como emergência nacional e das reformas e pensões; aos problemas provocados pela seca e os seus impactos, nomeadamente na agricultura, na pecuária e no consumo humano; respostas que assegurem a defesa e reforço do Serviço Nacional de Saúde e o direito à habitação.

 

Os tempos que vivemos reclamam e exigem a intensificação da luta pela resolução dos problemas concretos sentidos pelos trabalhadores e o povo. Reclamam e exigem um Partido Comunista Português forte, determinado e convicto. É, pois, preciso reforçar o PCP com mais camaradas a assumirem responsabilidades e tarefas regulares, com o recrutamento de novos militantes, com a criação de condições que garantam a sua independência financeira. É preciso reforçar a intervenção e organização nas empresas e locais de trabalho alargando a sua influência junto dos trabalhadores; reforçar a JCP e a acção junto da juventude.

É preciso assegurar o êxito do comício de 6 de Março no Campo Pequeno em Lisboa fazendo dele uma grande acção de massas pelos direitos, a melhoria das condições de vida e o progresso social, contra a exploração e o empobrecimento, pela liberdade, a democracia e o socialismo.

 

Como sublinha o comunicado do Comité Central de 1 de Fevereiro, «num tempo que coloca grandes exigências, o PCP prosseguirá com determinação e confiança a acção, iniciativa e luta pelas soluções necessárias para os problemas dos trabalhadores, do povo e do País, por uma política alternativa, patriótica e de esquerda, por uma democracia avançada com os valores de Abril no futuro de Portugal, pelo socialismo».