- Nº 2507 (2021/12/16)

Festejos de aniversário parciais na Autoeuropa e El Corte Inglés

Trabalhadores

A propósito das celebrações dos 30 anos da VW Autoeuropa e dos 20 anos de El Corte Inglés, os sindicatos da CGTP-IN alertaram que os trabalhadores não têm assim tantos motivos para festejar.

O grupo espanhol da grande distribuição comercial comemorou o 20.º aniversário da abertura da primeira loja em Portugal, no dia 23 de Novembro, com um desfile de moda para o qual convidou personalidades famosas do mundo do espectáculo e da televisão.

Para o 30.º aniversário da implantação da multinacional automóvel alemã em Palmela, foi organizado um evento solene, a 26 de Novembro, onde compareceram o Presidente da República e o primeiro-ministro, para apresentar o novo director-geral e um novo modelo de viatura.

 

Com lucros, sem justificação

«Uma empresa que obteve 142 milhões de euros de lucros, no ano de 2020», marcado pela epidemia de COVID-19, «não tem justificação para não melhorar as condições dos seus trabalhadores», salientou o CESP, no número de Novembro do boletim O Verdadeiro Verde, que o sindicato edita para o pessoal das lojas e armazéns de El Corte Inglés.

Para o CESP, passaram «20 anos de injustiças e desvalorização profissional», o que origina «desmotivação e desilusão dos trabalhadores».

Notando que, dos que estiveram no início, «poucos ainda se mantêm na empresa», o sindicato afirma que os trabalhadores «estão cada vez mais decepcionados com a degradação a que têm assistido nos últimos anos». Num «péssimo ambiente de trabalho», o sindicato condena os baixos salários, que não são aumentados ou sofrem aumentos discriminatórios; os horários completamente desregulados e as constantes exigências das chefias; a falta de trabalhadores e de condições laborais, incluindo ausência de formação adequada.

«Perante este cenário vergonhoso», o CESP enumerou as reivindicações dos trabalhadores, incluindo aumento salarial de 90 euros para todos, com diferenciação de níveis profissionais.

Folga ao fim de cinco dias consecutivos de trabalho, alguns aumentos de salários, 25 dias de férias e dia livre no aniversário do trabalhador foram «algumas conquistas, ainda que insuficientes», alcançadas «ao longo dos anos» e que mostram como «vale a pena lutar».

 

Terceiro melhor ano

Na festa dos 30 anos do lançamento da primeira pedra da fábrica, a administração da VW Autoeuropa anunciou que, pelos resultados esperados, 2021 será «o terceiro melhor ano de sempre, superando o ano anterior, já classificado como tal», notou o SITE Sul, num comunicado de dia 6, assinalando que tal se verifica num contexto da epidemia e da crise dos semicondutores.

«Já os trabalhadores, obreiros do sucesso da empresa e dos seus produtos», contrapôs o sindicato, «nem direito a cinco minutos a mais de tempo de refeição tiveram, nesse dia, como forma de reconhecimento do seu contributo indiscutível, ao longo destes 30 anos de trabalho intenso».

Em 2021, os trabalhadores receberam «uma resposta negativa às suas reivindicações, por parte da administração», a qual «tenta também criar mais uma vez, um sentimento de instabilidade e apreensão quanto ao futuro, quando volta a negociar as reivindicações dos trabalhadores para o próximo ano».

O SITE Sul repudiou esta posição, bem como «as tentativas de criar “bancos” de horas» e «quaisquer outras medidas que se traduzam em cortes de qualquer tipo de rendimentos ou direitos», alertando os trabalhadores «para que se mantenham firmes, determinados e interventivos na defesa das suas reivindicações de salários, emprego e direitos».

Para o sindicato, «não bastam festas e palavras bonitas, exigimos o merecido reconhecimento através da valorização do nosso trabalho».