1823 – Nasce a Doutrina Monroe
«Os últimos acontecimentos em Espanha e em Portugal provam que ainda não há bastante tranquilidade na Europa. A prova mais cabal deste facto importante é que as potências aliadas julgaram conveniente, de acordo com os princípios que adoptaram, intervir pela força nos distúrbios de Espanha. Até que ponto pode estender-se tal intervenção, segundo o mesmo princípio? Esta é uma questão na qual estão interessados todos os poderes independentes, cujos governos diferem dos deles, e nenhum está mais interessado do que os Estados Unidos.» Este excerto da mensagem enviada ao Congresso pelo presidente dos EUA, James Monroe, em 1823, fundamenta a chamada Doutrina Monroe, sintetizada no slogan «A América para os americanos». Os EUA reconheciam as novas repúblicas latino-americanas, rejeitando a colonização europeia; consideravam qualquer intervenção da Europa no continente como uma ameaça à paz e à sua segurança; e comprometiam-se a não intervir nos assuntos europeus. No século XX, os presidentes Theodore Roosevelt e Woodrow Wilson servem-se da doutrina para justificar a intervenção política e militar na América Latina, considerada desde então como o pátio das traseiras dos EUA, que não hesitam em apoiar e promover ditaduras para garantir a sua hegemonia.