Os problemas que Portugal enfrenta são muitos e foi exactamente por eles que o Secretário-geral do PCP iniciou a sua intervenção naquela iniciativa. Se a forte dependência do exterior no plano produtivo obriga à importação de bens, componentes e matérias-primas que, «na maioria dos casos, poderia ser produzida no plano nacional», o défice energético continua a ter pesadas consequências sobre a soberania nacional e a actividade económica e agravou-se com a privatização das principais empresas do sector.

Jerónimo de Sousa referiu-se ainda à quebra demográfica que tem conduzido, e «de forma bem visível», o Interior do País ao contínuo despovoamento, e denunciou os «momentos difíceis» por que passam os serviços públicos essenciais, «fruto de longos anos de falta de investimento ou de contratação de profissionais».

Sendo muitos e sérios os problemas que o País enfrenta, o dirigente comunista garantiu não haver, no PCP e na CDU, espaço para lamentos: «Temos soluções», afirmou, acrescentando que na batalha das eleições legislativas antecipadas a Coligação quer concentrar-se precisamente neste debate, em torno das «soluções para os problemas do País».

As «culpas» do PCP

«O PS pede a maioria absoluta, ameaça com o fantasma da direita e culpa o PCP pela dissolução da Assembleia da República», disse João Dias, primeiro candidato por Beja, apresentando outra versão dos acontecimentos. Na verdade, a «única culpa» que o PCP poderá ter é a de não se conformar com «respostas insuficientes» aos problemas ou a de ter «interrompido as políticas de cortes em salários, pensões, subsídios de férias e de Natal, feriados e direitos laborais».

De facto, lembrou, podem «culpar» o PCP por muita coisa: pelos manuais escolares gratuitos; pela redução do preços dos transportes; pelo aumentos dos salários e das pensões; por lutar pelo SNS e por defender e valorizar os seus profissionais; pelas creches gratuitas; pelos aumentos e alargamentos dos abonos de família e ainda por defender a Escola Pública. «A verdade é que tudo isto, que nestes anos foi conseguido, se deveu em grande medida ao PCP e à CDU, e se mais não avançou foi porque o PS não quis», terminou o deputado.

O mandatário da candidatura, João Português (presidente da Câmara Municipal de Cuba), destacou a necessidade de «esclarecer, mobilizar e avançar», e Tiago Aldeias, do PEV, lembrou que é com a CDU e com as suas propostas que o País pode avançar.

Candidatos

Para além de João Dias, integram a lista da CDU pelo círculo eleitoral de Beja: Tomé Pires, 45 anos, engenheiro técnico civil e presidente da Assembleia Municipal de Serpa; Sara Marcelino, 35 anos, licenciada em fisioterapia; João Silva, 33 anos, mineiro e eleito na Assembleia Municipal de Aljustrel; Telma Silva, 46 anos, actriz; e Helena Pais, 48 anos, licenciada em ensino de matemática e ciências e eleita na Assembleia Municipal de Moura.