Exigências a uma só voz este sábado em Lisboa

Aumento geral dos salários, generalização das 35 horas semanais, erradicação da precariedade e defesa da contratação colectiva são as reivindicações que a CGTP-IN destacou, na mobilização para a manifestação nacional que terá início às 14h30 de sábado, dia 20, no Marquês de Pombal. A uma só voz, trabalhadores dos diferentes sectores e distritos vão trazer à Avenida da Liberdade as suas exigências, unidos sob o lema «avançar é preciso».

Em convergência e na rua, todas as lutas ganham mais força

A mobilização para esta jornada arrancou logo após o seu anúncio, há um mês, pela Comissão Executiva da CGTP-IN, desenvolvendo-se a par das lutas nas empresas e sectores, por objectivos específicos e, muito frequentemente, por objectivos comuns a muitos outros trabalhadores, com destaque para a reivindicação de aumentos salariais, no mínimo de 90 euros, para todos, e elevando o salário mínimo nacional a 850 euros, a curto prazo.

Ao apelar à participação ampla na manifestação do próximo sábado, a confederação fez questão de realçar que «trabalhadores de todos os sectores de actividade trarão à rua as suas reivindicações concretas, em luta pela melhoria das suas condições de vida e de trabalho, exigindo a valorização do trabalho e dos trabalhadores e uma política que garanta um futuro melhor, num país desenvolvido, que dignifique quem trabalha e produz a riqueza».

A decisão de realizar a manifestação veio «dar continuidade e convergência ao grande caudal da luta que tem vindo a ser desenvolvido e está em desenvolvimento nas empresas e locais de trabalho de todos os sectores, sejam do público ou do privado, e em todo o País».

A resolução do Conselho Nacional da CGTP-IN, que citámos, foi a base para os materiais escritos, como o manifesto central, e também para os inúmeros plenários sindicais realizados em empresas e serviços.

Os sindicatos dos trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços (CESP) e de Espectáculos, do Audiovisual e dos Músicos (CENA-STE), por exemplo, para facilitarem a mais alargada participação nesta jornada, apresentaram pré-avisos de greve para todo o dia 20.

O apelo para a manifestação foi incluído nas mais recentes folhas informativas do CESP, somando razões para vir à rua em luta, como a falta de disponibilidade do Pingo Doce para negociar aumento de salários e valorização de carreiras, enquanto os lucros continuam a crescer.

Para a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), estar na manifestação significará dar força a cada uma das muitas lutas travadas nestes sectores, exigindo valorização dos salários, redução dos horários e jornadas de trabalho, defesa e melhoria do serviço pública e das condições em que este é prestado. Os trabalhadores confrontam-se «com uma posição de bloqueio do Governo, nas empresas públicas, que é um incentivo seguido pelos patrões do sector privado».

 

Para dar seguimento à grande greve na Administração Pública

Uma semana depois da greve de 12 de Novembro, os trabalhadores dos diferentes sectores da Administração Pública são chamados a marcar presença forte na manifestação de amanhã.

Numa saudação pela grande adesão à greve, o Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa alertou, logo no dia 12, que «o processo reivindicativo tem de continuar» e a luta por melhores salários e pela reposição dos direitos «terá um novo momento já no próximo dia 20 de Novembro, para todos os trabalhadores».

A Frente Comum de Sindicatos, constituída por três dezenas de estruturas (umas filiadas na CGTP-IN e outras sem filiação em centrais), indicou vários elementos que ilustraram «a forte adesão dos trabalhadores, em todos os sectores de actividade»: o encerramento da larga maioria das escolas; o funcionamento do INEM apenas com serviços mínimos; a «adesão extraordinária no sector da Saúde, com cerca de 80 por cento de trabalhadores em greve nos hospitais de Almada e Setúbal e percentagens superiores nos hospitais de Beja, Braga, São João (Porto), Viana do Castelo, Vila Nova de Gaia e Santo António (Porto) e em centenas de centros de saúde»; a adesão, pela primeira vez, dos trabalhadores da sala de leitura da Biblioteca Nacional; o encerramento de serviços de atendimento da Segurança Social; a adesão massiva dos trabalhadores da Administração Local, particularmente nos serviços de higiene urbana.

A posição do Governo nas negociações salariais, na segunda-feira, dia 15, não saindo da sua proposta de 0,9 por cento e sem responder a nenhum dos outros pontos da proposta reivindicativa, levou o coordenador da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública a assegurar que os trabalhadores «saberão dar resposta a este Governo e àquele que se lhe seguir».

Sebastião Santana, à saída de uma reunião que durou menos de meia hora, criticou a atitude de «surdez em relação às propostas dos trabalhadores» e sublinhou que não está em causa a possibilidade ou impossibilidade de satisfazer reivindicações, uma vez que o Governo mostra que «não tem vontade de resolver problema nenhum, nem sequer aqueles que pode resolver desde já», como os milhares de casos indevidos de vínculos precários, as injustiças do sistema de avaliação de desempenho ou o valor do subsídio de alimentação. Lembrou ainda que está em vigor um Orçamento do Estado que deve ser aplicado na totalidade.

Num primeiro momento de informação sobre o andamento da greve, junto a piquetes, o Secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, destacando a forte adesão de docentes e não docentes, admitiu que esta terá sido «a greve da Administração Pública que mais escolas encerrou em todo o País».

Também junto da Escola Marquesa de Alorna, em Lisboa, a Secretária-geral da CGTP-IN esclareceu que a reprovação do Orçamento do Estado não impede a negociação e aprovação pelo Governo de melhores condições para os trabalhadores. A adesão massiva à greve foi «bem demonstrativa de que os trabalhadores não aceitam continuar a ser tratados desta forma, sem valorização do seu trabalho e das carreiras há uma dezena de anos», e constituiu «um grande sinal» para o Governo e para o patronato.

Isabel Camarinha recordou, neste contexto, a importância da manifestação de 20 de Novembro, para todos os trabalhadores exigirem respostas aos seus problemas e soluções para o País.

 

PCP solidário

Junto de vários piquetes de greve delegações do PCP reafirmaram a solidariedade do Partido para com a luta e os seus objectivos.

Nas primeiras horas da greve, nos SIMAR (Loures), esteve Alma Rivera, membro do Comité Central e deputada. No Hospital de São José (Lisboa), compareceram, em momentos diferentes, os deputados Paula Santos (do CC do Partido) e João Dias. Bruno Dias, do CC e deputado, esteve com trabalhadores da Câmara Municipal de Almada.