- Nº 2502 (2021/11/11)

Intervir com confiança

Opinião

Após a comunicação do Presidente da República, anunciando a dissolução da Assembleia da República e a marcação de eleições para 30 de Janeiro, deu-se início à preparação da batalha eleitoral.

Trata-se de eleições que o PCP não desejou nem tão pouco se mostravam necessárias, após a rejeição da proposta de OE para 2022. O PCP não se bateu por eleições, bate-se por soluções. Mas, uma vez marcadas as eleições, parte para elas com confiança pelo percurso de intervenção de quem pôs sempre em primeiro lugar os interesses, direitos e aspirações dos trabalhadores e do povo; de quem sabe que na política patriótica e de esquerda estão as respostas de que o País precisa; de quem não vira a cara à luta e que, já nestes dias, se mobiliza num amplo contacto com as populações e que se empenhará, de forma determinante, para o êxito das suas lutas.

É neste combate de fundo que o PCP inscreve a sua intervenção pelos direitos e pela política alternativa patriótica e de esquerda, parte integrante da democracia avançada com os valores de Abril no futuro de Portugal, indissociável da luta pela sociedade nova sem exploradores nem explorados.

Na luta por estes objectivos, três dinâmicas são fulcrais e complementares na sua relação dialéctica: a luta de massas, o reforço do Partido e o alargamento da unidade e convergência com democratas e patriotas.

No plano da acção de massas, factor que será sempre decisivo, impõe-se desenvolver a luta dos trabalhadores, quer em torno dos seus objectivos reivindicativos concretos e imediatos (salários, vínculos, carreiras, horários, emprego com direitos, condições de trabalho, contratação colectiva …) quer das populações em defesa dos seus interesses, quer ainda por uma política alternativa (e por uma alternativa política que a concretize) centrada na valorização do trabalho e dos trabalhadores.

No quadro político actual, emerge, pois, como tarefa imediata estimular a luta dos trabalhadores e das populações. É o caso das lutas que hoje se desenvolvem – e que urge dinamizar – nomeadamente a greve dos trabalhadores da Administração Pública (AP) convocada pela Frente Comum para amanhã e a Manifestação Nacional convocada pela CGTP-IN para 20 de Novembro, em Lisboa. São lutas que requerem um acrescido esforço de mobilização dos trabalhadores e das populações – combatendo «teorias» sobre a inutilidade da luta num quadro de dissolução da AR e de realização de eleições antecipadas – pela importância redobrada que no actual quadro político e social tem a luta pelos direitos, bem como para abrir caminho à alternativa.

Noutro plano, mas dialecticamente interligado com a desenvolvimento da luta de massas, está o reforço do PCP, a única força política capaz de garantir resposta aos interesses e aspirações dos trabalhadores e do povo e soluções para os problemas do País. Importa, pois, ter em conta as linhas de trabalho, direcção e prioridades definidas para o reforço do PCP, nomeadamente a responsabilização de quadros, o recrutamento e o trabalho de fundos.

Finalmente, importa multiplicar os contactos com democratas e patriotas que convergem com o PCP e a CDU na luta por objectivos concretos na construção das condições para um Portugal com futuro e envolvê-los no apoio à CDU.

Reforço da CDU
é determinante

Foi o reforço da CDU em 2015, numa dada correlação de forças na AR, e face à luta dos trabalhadores e do povo que determinou avanços na defesa, reposição e conquista de direitos. Por outro lado, das maiorias absolutas, o que resultou sempre foram políticas de agravamento da exploração, desigualdades e injustiças sociais, políticas de empobrecimento e desastre nacional.

Os que defendem as maiorias absolutas e acalentam o sonho de voltar a consegui-las brandem a «estabilidade» como condição indispensável de «governabilidade». Mas escondem o factor mais perverso que a vida dessas maiorias comprovou: que o maior de todos os factores de instabilidade se situa, precisamente, no conteúdo anti-social da política de direita que têm vindo a executar.

Só o reforço orgânico, político, ideológico do PCP e o reforço eleitoral da CDU é garantia de desenvolvimento sustentado e, portanto, de progresso e estabilidade social.

É certo que se trata de uma batalha exigente, que requer, desde já, uma dinâmica de massas, o contacto directo com as populações, o esclarecimento e a mobilização para o apoio e o voto na CDU. Mas estamos preparados para ela, intervindo, com determinação e confiança, nesta, como noutras circunstâncias.


Manuel Rodrigues