1498 – Auto de fé de Girolamo Savonarola

Excomungado pelo Papa Alexandre VI, o frei dominicano Girolamo Savonarola, conhecido como o pregador moralista e incendiário, foi enforcado e depois incinerado na Piazza della Signoria, em Florença. Nascido em 1452 numa família tradicionalista, Savonarola entra na Ordem aos 22 anos, destacando-se pela crítica feroz aos excessos da Igreja e da nobreza, e por advogar o combate à corrupção e o regresso ao ascetismo primordial da fé católica. Numa sociedade onde o luxo sumptuoso e as novas manifestações artísticas imperam, Savonarola profetiza a chegada do juízo final, cativando milhares de fiéis. A oportunidade para impor as suas ideias surge após a morte do homem que havia transformado Florença numa das mais florescentes cidades da Europa, Lourenço de Médici. Através do Conselho que dirigia a República, o dominicano proíbe o jogo, a bebida, as festas; obriga à destruição pública de qualquer objecto considerado «causador de pecado», incluindo livros, como os de Boccacio, Petrarca e Dante, bem como obras de arte. Muitos artistas são forçados ao exílio. O Vaticano só intervem quando Savonarola defende a aliança de Florença com o rei da França, Carlos VIII, que seria a salvação da Igreja. Savonarola não acata a proibição de pregar e é entregue à Inquisição.