- Nº 2497 (2021/10/7)

Ao teu lado, todos os dias

Opinião

A palavra de ordem que dá o mote à intervenção do Partido nesta fase – «PCP, Força decisiva, ao teu lado todos os dias» – contém um programa de grande importância, significado e densidade política que importará sinalizar.

Registe-se que não se trata de nenhuma fuga para a frente ou de um chavão para iludir resultados eleitorais. Essa avaliação foi feita na reunião do Comité Central, com a devida valorização dos resultados alcançados e pesando os impactos que deles advêm.

Trata-se, isso sim, da confirmação de um estilo de trabalho que precisamos de acentuar, neste momento em que estão expostas feridas profundas no tecido social, causadas por décadas de política de direita e pelo aproveitamento que o capital tem vindo a fazer da epidemia, para que o Partido, no seu todo e cada organização por si, assuma a acção e a iniciativa política, respondendo aos problemas dos trabalhadores e do povo, desde logo a partir da sua mobilização e envolvimento.

O papel do Partido não é, nunca foi, nem o de ficar contemplativo, nem fechado sobre si mesmo, perante dificuldades próprias ou alheias.

O papel do Partido, hoje como ontem, é o de, em primeiro lugar, identificar os problemas e, depois, apontar as propostas e os caminhos para mobilizar os trabalhadores e o povo para os ultrapassar e alcançar as respostas necessárias.

É o de estar ao lado dos trabalhadores que reclamam melhores salários, melhores horários e mais direitos e condições de trabalho. E, ao seu lado, assumir o papel dianteiro na luta nas empresas e locais de trabalho, nos plenários, nos abaixo-assinados, nas paralisações, nas greves.

Ao seu lado, resistir à ofensiva que sobre eles se abate que, para limitar o alcance das sua reivindicações, procura dar centralidade à tese de que, nesta circunstância de tantos despedimentos, ter emprego já não é mau.

O papel dos comunistas é o de estar na primeira linha, ao lado das populações, em defesa das obras necessárias no Centro de Saúde, da contratação de pessoal para o Hospital, da garantia de médico de família, para assegurar a todos o direito à saúde.

O nosso papel, é estar lá, ao lado dos que exigem melhores serviços públicos, dos que se opõem ao encerramento de balcões da Caixa Geral de Depósitos, dos que reclamam creches para as suas crianças.

É o de estar ao lado dos pequenos e médios empresários e agricultores, dos jovens e das mulheres, dos trabalhadores e agentes da cultura, de todos os que sofrem com décadas de políticas contrárias aos seus interesses e direitos.

Por outro lado, se a afirmação de que estamos ao seu lado, inclui iniciativa, proposta e luta, ela implica organização e o seu reforço.

Para o Partido cumprir o seu papel, em suma, para se ligar às massas, que é a resposta de sempre para resistir e avançar, é indispensável o empenhamento, a determinação e a combatividade de cada militante. Mas condição essencial é assegurar o reforço da nossa organização, o alargamento dos recrutamentos, a responsabilização de mais camaradas, o funcionamento regular dos seus organismos.

Mas o lema inclui ainda uma outra ideia. A de que o PCP é força decisiva na vida política nacional. A vida vem mostrando como isso é verdade em todos os momentos e neste em particular. Perante dificuldades e problemas com que as populações e os trabalhadores estão confrontados, perante os défices estruturais que continuam a bloquear o desenvolvimento do País, há uma força que se levanta e que aponta um caminho alternativo.

É esta força, que não vira a cara à luta, que faz de cada apoio e de cada voto uma plataforma para prosseguir a sua intervenção, que estará todos os dias ao teu lado.


João Frazão