Passadas as eleições autárquicas, o PCP prossegue a dinamização da acção política para dar resposta aos problemas do País. Problemas que resultam de décadas de política de direita a que se têm vindo a juntar aqueles que derivam da epidemia e do aproveitamento que dela fazem os grandes grupos económicos para aprofundar a exploração.
São problemas que precisam de uma resposta urgente que o Governo PS não dá, submetido que está ao domínio do capital monopolista e às imposições da UE, mantendo-se amarrado aos eixos centrais da mesma política que, durante anos, executou com PSD e CDS, que, juntamente com os seus sucedâneos do Chega e Iniciativa Liberal se empenham em projectos reaccionários e agendas promovidos pelo grande capital.
A realidade do País – marcada pelos baixos salários e reformas, por um desemprego estruturalmente elevado, por operações de despedimento colectivo, pela precariedade e agravamento do custo de vida, pela destruição e definhamento do aparelho produtivo, pela fragilização das micro, pequenas e médias empresas e a cedência clara aos interesses dos grupos económicos – carece de uma outra política que assuma a questão do aumento dos salários (incluindo a Administração Pública) como uma emergência nacional, a eliminação da caducidade da contratação colectiva, a reposição dos contratos e da adopção do tratamento mais favorável, o aumento do Salário Mínimo Nacional.
Foi pela luta dos trabalhadores e pela intervenção do PCP e que se alcançaram avanços e medidas que consagraram direitos e aliviaram dificuldades. Mas é também um facto que, ano após ano, o PS recusou adoptar respostas e soluções que correspondam às exigências da situação do País. Recusa que fez avolumar dificuldades e agravar os problemas e que é inseparável da sua decisão em manter como critérios e prioridades o défice e a protecção dos interesses do grande capital.
De facto, em 2021, perante a urgência que a situação da epidemia colocava, foi a decisiva intervenção do PCP que garantiu o pagamento do salário por inteiro a 300 mil trabalhadores em lay-off, intervenção que foi igualmente decisiva para garantir a renovação automática dos subsídios de desemprego, o alargamento do número de crianças com creche gratuita, os apoios à cultura e o aumento de pensões a um milhão e 900 mil reformados.
Mas, o avolumar dos problemas nacionais torna necessárias e urgentes outras opções e uma outra política – patriótica e de esquerda – a alternativa que o PCP defende e propõe ao povo português. Uma alternativa tão mais inadiável quanto há meios e recursos que podem e devem ser postos ao serviço do País e da melhoria das condições de vida dos trabalhadores.
Como sublinhou Jerónimo de Sousa no comício do PCP em Lisboa, no passado dia 1, «o PCP tomará a iniciativa para afirmar e confrontar o Governo com respostas e soluções em matérias decisivas para a vida dos trabalhadores e das populações. Respostas e soluções abrangentes, também no conteúdo do Orçamento do Estado para 2022, cuja clarificação pesará no nosso posicionamento». Acrescentando: «a situação nacional reclama igualmente outras opções que assegurem instrumentos económicos e a base material capaz de desenvolver o País. Impõe-se a recuperação do controlo público de sectores e empresas estratégicas; a diversificação da actividade económica, travando a desindustrialização, promovendo a substituição de importações por produção nacional; o combate à degradação ambiental, com a promoção do transporte público, da produção local e nacional, a defesa da água pública, a promoção da soberania e eficiência energética.»
O PCP não faltará com a sua intervenção para encontrar as soluções que melhor sirvam os trabalhadores e o povo. Foi com essa determinação que levou recentemente à AR propostas tendo em vista a revogação das normas gravosas da legislação laboral; a redução do preço da energia e o controlo dos preços dos combustíveis; alterações ao arrendamento para garantir a protecção do direito à habitação; o aumento do SMN. O PS, com o apoio da direita, rejeitou essas propostas.
A situação que vivemos exige respostas claras e inadiáveis para os problemas. Será por elas que o PCP estimulará a luta dos trabalhadores e desenvolverá uma forte iniciativa política.
E, em simultâneo, dedicará uma particular atenção ao reforço da sua organização e intervenção junto da classe operária e dos trabalhadores, à Campanha Nacional de Recrutamento «O futuro tem Partido», bem como ao fortalecimento dos organismos de direcção e ao trabalho de fundos, garantia da sua independência financeira. Porque os trabalhadores e o povo precisam de um PCP mais forte e influente, força decisiva na luta de todos os dias.