Século XV – Díptico de Melun
Da autoria de Jean Fouquet, pintor oficial do rei de França Charles VII e autor do primeiro auto retrato conhecido da história da pintura (museu do Louvre), o «Díptico de Melun» ainda hoje suscita admiração pela beleza e ousadia. Considerado uma das jóias do século XV, esta pintura a óleo sobre madeira representa no painel direito a Virgem e o Menino, enquanto o painel esquerdo retrata Étienne Chevalier, que encomendou a obra, com o seu padroeiro Santo Étienne. A obra distingue-se por a Virgem ser representada com o rosto da amante do rei, Agnès Sorel, e ostentar um dos seios fora do corpete, rompendo com a tradição de os ocultar com a imagem do Menino a mamar. O arrojo artístico não é fortuito: Agnès Sorel foi a primeira mulher na corte francesa a ter o estatuto de favorita oficial e dispôs de efectivo poder junto do rei, que a amou até à sua morte, aos 27 anos, na sequência de um parto. As duas partes do Díptico foram separadas por razões desconhecidas e a parte esquerda esteve desaparecida, sendo encontrada por acaso no séc. XIX. Está actualmente conservada na Gemäldegalerie, em Berlim. Foi já no séc. XX, após análise científica, que se estabeleceu unidade das duas partes. A Virgem e o Menino encontra-se no Museu Real das Belas Artes, em Anvers.