1906 – Nasce Josephine Baker

«Quando era pequena, queimaram-me a casa, tive medo e fugi. Acabei por fugir para muito longe. Até a um lugar chamado França. (...) Nesse país que parece saído de um conto de fadas nunca senti medo.(...) Mas, na América, não podia entrar num hotel para pedir um café. Isso deixou-me louca de raiva. Vocês conhecem-me: quando fico enraivecida, abro a minha grande boca. Atenção, porque quando Josephine abre a boca, é ouvida nos quatro cantos do mundo!». As palavras da célebre cantora e bailarina norte-americana, proferidas a 28 de Agosto de 1963, poucos antes do discurso de Martin Luther King na grande Marcha pelos direitos civis dos negros, sintetizam uma história de vida. Aclamada em França e hostilizada nos EUA – «Para os espectadores de Manhattan (...) não passa de uma negra com dentes de coelho» (Time) –, naturaliza-se francesa. Infatigável, esta musa de artistas cubistas distingue-se na luta pela liberdade e a igualdade e na resistência francesa à ocupação nazi, enquanto se afirma como a primeira artista internacional negra no mundo do espectáculo. A 30 de Novembro será a primeira mulher negra a entrar no Panteão francês. Das 80 personalidades que repousam no templo dos «grandes homens», como está gravado na pedra, apenas cinco são mulheres.