1946 – «Três Dias Sem Deus», de Bárbara Virgínia
Maria de Lourdes Dias Costa, mais conhecida pelo nome artístico de Bárbara Virgínia, assina «Três Dias Sem Deus», um marco na história do Cinema Português: é a primeira longa-metragem sonora, de ficção, realizada por uma mulher no nosso país; é a única produção cinematográfica de autoria feminina durante a ditadura e até 1976; ao lado de «Camões», de Leitão de Barros, representou Portugal na primeira edição do Festival de Cannes, em Outubro de 1946. Bárbara Virgínia, então com 22 anos, é a principal protagonista do filme, cujo enredo opõe o mundo rural, soturno e supersticioso, ao mundo claro do conhecimento e à sua romântica visão do campo. Filha única de uma família burguesa, estudou canto, piano, teatro e dança no Conservatório de Lisboa, revelando grande versatilidade. Afirma-se na então Emissora Nacional interpretando trechos de ópera e declamando poemas; trabalha no teatro S. Carlos executando dança clássica; colabora na revista «Modas e Bordados»; estreia-se no teatro na companhia de Alves da Cunha. Convidada para actuar no Brasil, prossegue na América uma longa e profícua carreira. Morreu em 2015, com 92 anos. A Academia Portuguesa de Cinema institui nesse ano o Prémio Bárbara Virgínia, para homenagear mulheres que contribuam de forma notável para o cinema português.