18 Julho de 1870 – Infalibidade do Papa

Convocado pelo papa Pio IX, o concílio Vaticano I, dito ecuménico porque de toda a Igreja, eleva a autoridade espiritual do sumo pontífice a níveis nunca vistos, em reacção à inelutável perda do seu poder temporal a favor da crescente laicização e unificação da Itália e da Europa. Dois meses depois Roma foi ocupada pelas tropas de Garibaldi; era o princípio do fim dos estados pontifícios. Pio IX considerou-se desde então e até à sua morte, em 1878, prisioneiro no Vaticano. A infalibilidade papal não se aplica às decisões em matéria de gestão dos assuntos correntes, disciplina ou moral, e as deliberações a que respeita só têm valor se pronunciadas perante o povo, de forma solene, ex cathedra (do alto da cadeira de S. Pedro). Foi o primeiro concílio euménico desde o de Trento, realizado mais de três séculos antes, e muitos previram que seria o último, já que o Pastor aeternus, o decreto conciliar que define o primado e a infalibilidade do pontífice, tornava os concílios supérfluos. Em 1959, João XXIII desmentiu as previsões, considerando ser «necessário que esta doutrina certa e imutável, que deve ser fielmente respeitada, seja aprofundada e exposta de forma a responder às exigências do nosso tempo». O concílo Vaticano II teve lugar três anos depois.