URAP na Sérvia a celebrar 80 anos do início da libertação
A capital Sérvia, Belgrado, acolheu nos dias 4 e 5 de Julho o início das comemorações da proclamação do levantamento popular e da resistência contra a invasão nazi-fascista da Jugoslávia. A URAP esteve presente.
Os balcãs são, há séculos, um local de disputas e guerras
Nas cerimónias participaram delegações de resistentes antifascistas dos restantes países balcânicos – Croácia, Eslovénia, Macedónia, Macedónia do Norte, Bósnia e Herzegovina. Montenegro e Kosovo. A URAP, que integra a Federação Internacional de Resistentes (FIR), foi uma das organizações convidadas, sendo representada pelo coordenador José Pedro Soares e ainda por Francisco Canelas, membro do Conselho Directivo.
As comemorações começaram num grande parque da cidade, muito próximo do Memorial e Museu da Jugoslávia, onde está sepultado o marechal Tito, e da casa onde foi feita a proclamação do início da revolta e levantamento armado contra a ocupação nazi-fascista, em 1941. Entre a multidão, dezenas de veteranos, militares e civis, homens e mulheres, ocupavam as primeiras filas. Um grupo de militares erguendo estandartes permaneceu em guarda de honra enquanto uma banda militar executava o hino, tanto o actual, da Sérvia, como o jugoslavo. A primeira-ministra, Ana Brnabic, usou da palavra, e foram entregues galardões aos resistentes e veteranos da guerra de libertação.
Ao fim do dia, decorreu uma cerimónia no Teatro Nacional de Belgrado, transmitida em directo pela televisão Sérvia, onde falaram a primeira-ministra e o presidente da associação dos antifascistas veteranos de guerra, Vidosav Kovacevic.
Combates de ontem e de hoje
A URAP interveio, no dia 5, numa conferência promovida pela FIR, expressando aos representantes dos resistentes e veteranos da Sérvia e dos restantes países balcânicos a profunda admiração pela valentia e coragem demonstradas na luta contra a ocupação, o fascismo e a opressão. E, hoje, no combate aos novos fenómenos de intolerância, racismo, injustiças, neofascismo e ingerências externas.
Realçando as disputas que sempre marcaram aquela região, José Pedro Soares apontou a necessidade de os povos dos países que integraram a Jugoslávia reconhecerem o que de muito positivo fizeram juntos e reiniciarem um processo de cooperação entre governos e povos para, em conjunto, defenderem a paz, a cooperação e a democracia, não omitindo ou desprezando as lições de um longo caminho comum.
José Pedro Soares foi entretanto homenageado com a Medalha de Lutador pelo Presidente da SubNor da Sérvia, Major General Vidosav Kovacevic, pelo seu papel de resistente antifascista e de ex-preso político do fascismo.
Para além de se comemorar o 80.º aniversário do início da luta de libertação da Jugoslávia da ocupação nazi-fascista, assinala-se também na Sérvia os 25 anos do que ali se chama Dia da Memória das Vítimas e do Heroísmo do Exército e do Povo contra os agressores da NATO. Em 1999, durante 11 semanas, os ataques e bombardeamentos aéreos da NATO destruíram importantes infra-estruturas sociais e mataram centenas de cidadãos sérvios, como parte de uma longa e violenta ingerência externa, que culminou com o desmantelamento da então República Federal da Jugoslávia.