Conter aumentos nas facturas da energia

Após a sua entrega no Parlamento, o PCP deu a conhecer sexta-feira, 2, em conferência de imprensa, o conteúdo concreto de quatro iniciativas legislativas para o sector energético visando contrariar os aumentos dos preços dos combustíveis, do gás e da electricidade.

Novos aumentos nos combustíveis são inaceitáveis

Com este conjunto de diplomas, três dos quais sob a forma de projecto de lei, que dão cumprimento às decisões aprovadas nas suas recentes Jornadas Parlamentares, a bancada comunista «pretende contribuir para dar condições às famílias e às MPME para a retoma da normalidade na vida e na actividade económica», esclareceu o deputado Duarte Alves no encontro com os jornalistas, a quem transmitiu o sentido geral das medidas propostas e as razões que presidiram à sua apresentação.

E os motivos que levaram à sua elaboração são claros, resultaram da consideração de que «os novos aumentos nos combustíveis e o anúncio de um novo aumento na tarifa regulada da electricidade são inaceitáveis e exigem respostas políticas».

Exigência que é tanto maior se atendermos a que é brutal o impacto do aumento dos combustíveis nos rendimentos dos portugueses e na actividades das MPME. «Não é admissível que, quando o preço do petróleo sobe, os preços pagos pelos consumidores subam na mesma proporção; quando o preço do petróleo desce, os preços se mantenham quase inalterados», censurou Duarte Alves, explanando razões para a apresentação do projecto de lei da sua bancada que cria um regime de preços máximos, fixando o preço de acordo com um único critério: «a variação do preço do barril de Brent».

No que se refere à electricidade, por via também de um projecto de lei, o objectivo em vista é isentar o pagamento de impostos sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos (IPPE) na parte da energia produzida a partir de fontes de energia renováveis (FER).

Na perspectiva do PCP, «não é aceitável» que um imposto destinado à tributação sobre produtos petrolíferos «seja aplicado a toda a energia eléctrica, mesmo à parte produzida por fontes renováveis, cujo peso tem vindo a aumentar». Daí a proposta de que a electricidade com origem renovável não seja tributada em sede de IPPE.

Neste mesmo projecto de lei é proposta ainda a eliminação da proibição de celebrar novos contratos em tarifa regulada, bem como a abolição dos «factores de agravamento que aumentam artificialmente esta tarifa, com o objectivo de a tornar pouco competitiva, reduzindo o seu potencial de regulação dos preços dos mercados».

Governo tem de agir

Materializada em projecto de resolução, já noutro plano, é a recomendação ao Governo para que intervenha, usando os poderes de que dispõe, «para impedir o aumento de 3% na tarifa regulada anunciado pela ERSE no comunicado de 14 de Junho de 2021». Enquanto em Espanha houve intervenção do executivo face à subida dos preços no mercado grossista, «impedindo aumentos no contexto actual, o Governo português não deu ainda mostra de qualquer iniciativa nesse sentido», lamentou Duarte Alves.

Por último, no que toca ao gás, o PCP propõe em projecto de lei que o regime de preços máximos em vigor no quadro da situação epidémica seja revisto no sentido da redução do preço regulado e que seja prolongado pelo menos até ao final de 2022. Proposto é ainda um regime permanente de margens máximas no gás natural e no gás de botija, que tenha em conta os «preços médios antes de imposto na zona euro» e que, no caso do gás de botija, aproxime os preços das botijas de gás em Portugal dos preços praticados em Espanha.



Mais artigos de: Assembleia da República

Aprovação de diploma do PCP é um avanço no combate à precariedade mas há que confirmá-lo

Consagrar e repor direitos que são devidos aos trabalhadores, extorquidos pelo Código do Trabalho e por alterações sempre para pior impostas por PSD e CDS – e nunca desfeitas pelos Governos PS -, eis, em síntese, o sentido geral de quatro diplomas do PCP que estiveram em debate dia 30 no Parlamento. Apenas um, orientado para o combate à precariedade, obteve luz verde na generalidade.

Entre a vacina e o salário

O PCP exigiu ao Governo medidas que ponham fim ao corte de um dia de salário imposto a quem esteve ausente do posto de trabalho por motivos de vacinação contra a COVID-19. «Esta situação é absolutamente inaceitável, para mais num momento em que a vacinação é determinante no combate à COVID-19», afirmou em conferência de...