Vinte mil toneladas de resíduos tóxicos com elevadas concentrações de arsénico, mercúrio, cádmio e chumbo estão há quase 40 anos depositadas na cidade chilena de Arica, expostas às condições atmosféricas, num verdadeiro atentado à saúde e segurança públicas. Oriundos da empresa sueca Boliden Mineal AB, os resíduos foram depositados ilegalmente através da empresa chilena Promel Lda, como se fosse material «não tóxico». Cabendo à Suécia controlar os movimentos transfronteiriços do seus resíduos perigosos e garantir que a informação respectiva chega às autoridades competentes, e tendo o governo sueco conhecimento dos movimentos da Boliden Mineal AB, a conivência com as declarações falsas e suas consequências é ineludível. O governo chileno, que não fiscalizou, agravou a situação ao construir habitação social no espaço contaminado. Os resultados foram dramáticos: infertilidade, abortos espontâneos, cancro, transtornos neurológicos, bebés com deficiências, hidrocefalia, espinha bífida. Cerca de 12000 pessoas terão sido afectadas. Em 2013, os tribunais suecos consideraram que as reclamações das vítimas tinham prescrito e o Supremo Tribunal sueco recusou apreciar o caso. A Suécia comemora em 2022 os 50 anos da Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente.