- Nº 2480 (2021/06/9)

UMA DETERMINANTE INTERVENÇÃO

Editorial

Num período em que em resultado da epidemia e do aproveitamento que dela faz o grande capital para agravar a exploração se avolumam os problemas de dimensão económica e social, a luta de massas e a intervenção do PCP continua a desenvolver-se em defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores e do povo.

Só também pela luta de massas e intervenção do PCP se pode garantir a defesa dos profissionais da cultura, como deixou claro Jerónimo de Sousa na audição «Valorizar a cultura e os seus trabalhadores» realizada na semana passada, em Lisboa, ao afirmar que «só com a unidade e mobilização dos artistas e trabalhadores da cultura, com o seu envolvimento na defesa dos seus direitos, na defesa da dignidade do trabalho na cultura, será possível garantir a cultura enquanto factor decisivo de desenvolvimento e progresso, enquanto pilar da democracia devidamente valorizado».

De facto, na política patriótica e de esquerda que o PCP defende e propõe ao País, a cultura – só concretizável através de um serviço público, em que o Estado tem uma responsabilidade determinante enquanto garante de liberdade de criação artística e da sua fruição, com a igualdade de oportunidades e de acesso em todo o território nacional – é entendida como uma componente essencial ao desenvolvimento humano, como elemento que convoca a reflexão, o pensamento, o conhecimento, a participação, a busca do belo, a realização e a libertação do homem e impõe que se assegure a valorização do trabalho e dos trabalhadores com o reconhecimento da existência de direitos, de contratos de trabalho, da criação de condições para que estes trabalhadores possam ser integrados no sistema de Segurança Social.

 

É neste quadro de intensa intervenção que o PCP hoje dá início à acção em defesa do Serviço Nacional de Saúde e dos direitos dos seus profissionais, no momento em que o SNS se vê confrontado com mais um ataque por parte dos grupos privados, que promovem o negócio da doença. Para o PCP é necessário garantir o direito à saúde, recuperar as consultas, exames e cirurgias adiados, e isso implica não a desvalorização mas antes o reforço do SNS, para que possa responder, em tempo útil, a todas as necessidades nesta área.

No mesmo sentido, no momento em que são anunciadas novas medidas de desconfinamento perante a evolução positiva da situação da epidemia, exige-se do Governo a aquisição de mais vacinas já referenciadas pela OMS por forma a garantir a vacinação rápida de todos, bem como a testagem e o rastreio.

 

A situação epidemiológica, para além dos problemas sanitários que coloca e que urge decididamente combater, tem servido de pretexto para o aprofundamento da exploração, das injustiças e desigualdades sociais. Enquanto os trabalhadores se vêem confrontados com o despudorado ataque aos seus direitos, o grande capital acumula lucros, distribui dividendos, não paga os impostos devidos e faz sair o dinheiro do País.

Mas não são só os trabalhadores que são vítimas desta situação. Também as micro, pequenas e médias empresas se vêem afectadas. É o caso do sector do turismo, confrontado com a condenável decisão do governo do Reino Unido de impor novas restrições a deslocações para Portugal. É uma decisão que, para além do turismo, não deixa de ter implicações negativas quer para a comunidade emigrante portuguesa que aqui reside e trabalha, bem como para muitos britânicos que têm habitação em Portugal.

Trata-se de uma situação que põe também em evidência os riscos de dependência associada a uma reduzida diversificação de mercados turísticos emissores. Situação que vulnerabiliza o País e a sua soberania e que é preciso superar.

 

Neste quadro, impõe-se o desenvolvimento da luta dos trabalhadores e das populações não só para responder aos problemas imediatos mas também e sobretudo para responder aos problemas acumulados por décadas de política de direita, rompendo com a política que os criou e encetando um rumo de recuperação e desenvolvimento com uma política alternativa.

Dinamiza-se também a preparação das eleições autárquicas com a prestação de contas e a constituição e apresentação de candidaturas, em que se inseriram os comícios CDU do passado sábado, em Viana do Castelo e Braga, com a participação de Jerónimo de Sousa.

Neste caminho de ruptura e de mudança, o reforço do PCP é questão essencial. Reforço que implica, entre muitas outras linhas de trabalho, desenvolver todos os esforços para a finalização da Campanha Nacional de Fundos «o futuro tem Partido», concluindo todos os contactos definidos, avançar com a divulgação da Festa do Avante! (de que se publica esta semana o suplemento dos artistas) e a venda da EP e prosseguir as comemorações do Centenário.

 

Trata-se, afinal, de reforçar o Partido que, na sua estreita ligação à luta e às aspirações dos trabalhadores e do povo, tem uma determinante intervenção pelos direitos e pela alternativa necessária à concretização de um rumo político diferente pela via do desenvolvimento soberano e do progresso social. Por um Portugal com futuro.