O Partido a que vale a pena pertencer

Nos últimos meses, largas centenas de pessoas assumiram a opção de aderir ao PCP. Com diferentes origens, idades, percursos e experiências, une estes novos militantes uma mesma combatividade e determinação e uma tomada de consciência comum acerca da importância decisiva da luta e da intervenção organizada para transformar a sociedade. Alguns deles estiveram reunidos recentemente com Jerónimo de Sousa.

A adesão ao PCP é uma opção indispensável para resistir e transformar

O Secretário-geral do Partido deu as boas-vindas às dezenas de novos militantes do distrito de Lisboa que participaram na reunião do passado dia 26, no Centro de Trabalho Vitória, valorizando a opção que assumiram: para Jerónimo de Sousa, ela «marca a diferença e o caminho necessário neste início da terceira década do século XXI», constituindo-se inclusivamente como «indispensável para todos os que são atingidos pela política ao serviço do grande capital e querem consequentemente lutar por uma sociedade e um mundo mais justos».

Tendo sempre um significado profundo, quaisquer que sejam o momento e o local em que é tomada, a decisão de aderir ao PCP assume hoje uma particular acuidade, como Jerónimo de Sousa se encarregou de demonstrar. Referindo-se às diversas questões levantadas pela epidemia (no plano da saúde, mas também dos direitos), ao agravamento da exploração, das injustiças e das desigualdades, à insistência do Governo PS em opções políticas que mantêm e agravam a submissão do País, aos projectos reaccionários de PSD, CDS, Chega e Iniciativa Liberal, ou à crescente agressividade do imperialismo, o dirigente comunista garantiu: «a resposta a todos estes problemas tem muitas dimensões, mas a fundamental é de grande clareza: dar mais força ao PCP, tomar a opção de ser membro do Partido Comunista Português.»

Esta é, insistiu, a forma «mais consequente e mais eficaz de intervir, contribuindo para defender os interesses dos trabalhadores, da juventude, do povo, para assegurar a ruptura com a política de direita». Abrindo caminho, desta forma, a «um futuro melhor, a uma política patriótica e de esquerda, à democracia avançada, tendo no horizonte o socialismo, a sociedade livre da exploração».

Tomar partido!

Não há, e nunca houve, um percurso único a conduzir os comunistas até ao seu Partido. Cada um dos milhares de militantes do PCP, tanto os mais antigos como os mais recentes, terá tido as suas razões muito próprias para, em determinado momento, ter tomado essa decisão. Na reunião com novos militantes da Organização Regional de Lisboa, do passado dia 26, foi possível conhecer algumas delas.

«O meu caminho até ao Partido era inevitável», reconheceu um dos presentes, confessando que durante muito tempo «foi um comunista a correr por fora». Até que compreendeu «o essencial»: «só juntando o meu modesto contributo ao de muitos outros, num colectivo verdadeiramente organizado, é que eu poderia transformar o meu amor à vida e a minha revolta contra as injustiças em acções concretas capazes de conduzir à mudança». Foi também esta revolta, aliada às preocupações com o futuro dos filhos e à consciência de classe forjada numa dura vida de trabalho, que levou uma das novas militantes a superar receios e a juntar-se ao Partido. Aos 39 anos, afirma, está «cheia de força e de vontade de participar».

Também Vítor realça a identificação de sempre com as propostas e a acção do Partido, a que recentemente se aliou a tomada de consciência acerca da indispensabilidade da acção organizada. Um dos factores que o levou a decidir-se pela adesão foi o papel do PCP na redução do valor das propinas e na criação do novo passe social, que considera altamente benéficas para as populações.

Se as histórias ouvidas na infância sobre o fascismo semearam a consciência, foi no trabalho agrícola que ela se desenvolveu para outro dos participantes na reunião. Com o passar do tempo, foi formulando novas questões, relacionadas com o surgimento em Portugal de forças fascizantes e a utilização da epidemia como pretexto para retirar direitos aos trabalhadores: «Decidi tomar partido!»

O caso de Leonor não foi muito diferente. A consciência de classe foi ganha no trabalho, que acumulava com os estudos, que precisava pagar. Nas lojas e restaurantes por onde passou sofreu, juntamente com os colegas, as mais diversas pressões: «a normalização da precariedade sempre me fez confusão, mas não é uma inevitabilidade. É preciso lutar!»

A Tânia preocupa-a sobretudo o afastamento de muita gente da participação política, algo que considera «perigoso». A sua adesão ao Partido é, assim, uma tomada de posição a favor da luta e da acção organizada por um conjunto de valores e causas com as quais está plenamente identificada.

Da consciência à acção

«Durante anos, tive preconceitos relativamente à “política” e aos “políticos”, reconhece João, de 42 anos, que voltou não há muito tempo a Portugal após anos a trabalhar fora, na área de engenharia industrial. A opção pelo PCP decorreu, «em grande medida, da minha experiência profissional: quiseram fazer de mim capataz». Confrontado com um dilema, optou pelos trabalhadores. Uma vez integrado «neste colectivo com o qual me identifico, quero alargar a minha formação política».

Jorge foi do PSD durante um tempo, quando era jovem, e no início do seu percurso profissional não teve «motivos para se desviar da tradição do liberalismo cavaquista», que era a da sua família. Com a crise de 2008, começou a questionar-se: «Percebi que, tal como a minha família vivia numa ilusão.» A «coragem» do Partido foi um elemento essencial para a opção que tomou e dá o seu próprio exemplo para comprovar que é possível recrutar novos militantes mesmo nos meios à partida mais adversos.

Também Rodrigo, de 21 anos, provém de uma família «conservadora e liberal». Assistente operacional numa clínica privada, sofre com a precariedade que afecta muitos outros trabalhadores da sua geração. O processo que o conduziu até à militância comunista resultou de leituras próprias e da constatação de que «enquanto proletário, enquanto trabalhador precário e enquanto LGBT, só este Partido esteve ao meu lado».

Rita destaca igualmente como fundamental para a sua opção a presença solidária do PCP, e só dele, nas lutas em que ela participava, fossem dos enfermeiros ou dos jovens trabalhadores. Mas o primeiro contacto com o Partido foi no posto de saúde da Festa do Avante!. Foi aí que pensou: «se o SNS funcionasse assim eu seria tão mais feliz.» Hoje, está mais certa do que nunca que «não estamos sós, lutamos juntamente com outros».

Foi esta mesma convicção que levou outro dos novos militantes presentes na reunião a reaproximar-se do Partido, com o qual já colaborara há anos. «Sozinhos temos menos impacto na sociedade, não temos a mesma força e confiança», realçou, valorizando a luta quotidiana «conjunta e organizada» que só o PCP promove.

Orgulho e legado

Luísa tem 61 anos e só agora aderiu ao PCP. Depois de uma passagem pela Juventude Comunista, nos anos da Revolução, manteve-se sempre próxima do Partido, com o qual colaborava intensamente em Alverca, mas a vida familiar e profissional não lhe davam o tempo e a disponibilidade que ela sentia serem necessários para assumir plenamente a condição de comunista. «Mas a vida dá muitas voltas», reconheceu, e hoje está «aqui para o que for preciso», honrada por pertencer a um Partido com um percurso tão heróico e exaltante.

Entre os presentes encontravam-se duas mulheres cujo exemplo dos pais iluminara o seu percurso até ao PCP. Uma lembra que o nome do seu pai está no grande painel de ferro que, à entrada da Fortaleza de Peniche, recorda os que ali estiveram presos a lutar pela liberdade: «Cresci a olhar para o meu pai, aquele homem maior do que a vida. Este é o meu legado», afirmou. Também Joana se habituou a admirar a dedicação e a militância do pai, recentemente falecido, e a acompanhá-lo a iniciativas e congressos. «Nunca é tarde», realçou.

Percursos e sentimentos

Se as motivações e percursos que levaram cada um a aderir ao PCP podem variar (e variam, como vimos), no fundo eles não são assim tão diferentes: todos compreenderam o poder da acção organizada, todos querem transformar a realidade em que vivem e todos reconhecem no PCP a força capaz de levar a cabo essas mesmas transformações. E todos estão disponíveis para colocar as suas capacidades e energias ao serviço do Partido e do seu projecto libertador e emancipador: não eram a organização e os corações ardentes os ingredientes essenciais de Lénine para a revolução?

«Felicidade» foi uma das palavras mais ouvidas na reunião com novos militantes do distrito de Lisboa sempre que estes tentavam explicar como se sentiam, ali e nas fileiras do Partido. Feliz é também o Partido com capacidade de atrair gente assim...

 

Um grande projecto de transformação social e emancipação humana»

- intervenção de Jerónimo de Sousa

«(…) Neste tempo em que se assinala o centenário do PCP, os seus 100 anos de luta, o PCP marca a diferença. Não há deturpações, calúnias ou silenciamentos que possam apagar essa realidade.

É um Partido com uma história ímpar. O Partido da resistência antifascista, da liberdade e da democracia, o Partido da Revolução de Abril e das suas conquistas. O Partido sempre presente nos momentos de resistência, transformação e avanço.

É o Partido da classe operária e de todos os trabalhadores, o Partido da juventude. O Partido com que os trabalhadores, a juventude, as mulheres, o povo sempre podem contar.

É um Partido coerente. O Partido da verdade, que não cede a pressões e chantagens, aprende com a vida e segue determinado na afirmação da sua identidade comunista.

É um Partido com importantes valores éticos e morais. O Partido cujos militantes deram e dão provas sem paralelo de abnegação, recusando e combatendo favores e benefícios, dando o exemplo de dedicação ao serviço dos trabalhadores, do povo, do País, da causa da libertação dos trabalhadores e dos povos.

É o Partido que alertou e preveniu, a partir das suas análises, para as consequências da política de direita, para as privatizações e a reconstituição do capitalismo monopolista e o seu domínio sobre a vida nacional.

O Partido que alertou para as consequências da integração e do rumo da CEE/UE, para o que significaria a adesão ao euro e todo o seu rasto de devastação económica e social, para o comprometimento da soberania nacional.

É o Partido que contribuiu e contribui para construir uma vida digna e melhor. O Partido cujos militantes no Poder Local e outras instituições, no movimento popular e aos mais diversos níveis agiram e agem para a resolução dos problemas dos trabalhadores e das populações, para a concretização das suas aspirações.

É o Partido que promove a participação e a luta. O Partido que alerta, esclarece, mobiliza e une, mostrando a força imensa da luta para resistir aos ataques e retrocessos sociais e civilizacionais e para transformar a sociedade.

É o Partido que organiza, que dá a oportunidade de juntar a opinião e a reflexão individual, à discussão e à decisão colectiva e a transforma em poderosa alavanca de intervenção e transformação.

É o Partido que propõe soluções para os problemas que enfrentamos, que promove a ruptura com a política de direita e a exigência de uma política patriótica e de esquerda, de um Portugal mais desenvolvido, mais justo e soberano.

É o Partido da solidariedade internacionalista, contra a agressão imperialista, da luta pela paz e a cooperação entre os povos.

É o Partido portador de um projecto de futuro. O Partido portador das soluções e do projecto alternativo, contra o capitalismo, pela democracia avançada, o socialismo e o comunismo.

O PCP, Partido que intervém com uma confiança inabalável assente na sua história, no seu projecto e na sua força, é o Partido a que vale a pena pertencer.

O PCP assume sempre o seu compromisso com os trabalhadores e o povo. Haja o que houver podem sempre contar com o PCP.

Esse é o sentido da adesão ao PCP, da militância no PCP, para a participação num grande colectivo partidário, para dar mais força e eficácia à defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo. A participação num Partido com uma história ímpar e um papel insubstituível na vida nacional. A participação num grande projecto de transformação social e emancipação humana.»