Num contexto ainda marcado pelos efeitos da epidemia no plano da saúde e pelo seu impacto económico e social, o Governo PS, em vez de assumir a valorização do trabalho e dos trabalhadores, opta pela defesa dos interesses daqueles que se aproveitam da situação para agravar e pôr em causa direitos laborais, políticos e sociais.
De facto, estamos confrontados com a desvalorização do trabalho, das profissões e das carreiras profissionais; com os baixos salários; com os horários de trabalho prolongados e desregulados; com a generalização, sem justificação, da laboração contínua e do trabalho por turnos que se traduzem em dificuldades acrescidas de harmonização da vida profissional com a vida familiar; com a precariedade generalizada com os contratos a prazo, o período experimental alargado, a praga do trabalho temporário, os falsos estágios e recibos verdes que são factores de precarização crescente da própria vida de quem trabalha; com a chantagem sobre os trabalhadores com despedimentos colectivos; com uma Administração Pública com salários, carreiras e direitos desvalorizados.
Do outro lado, o que vemos é a concentração da riqueza criada pelos trabalhadores num reduzido punhado de accionistas que dela se apropriam, ao mesmo tempo que sugam colossais recursos públicos, acumulam lucros, distribuem dividendos, não pagam os impostos devidos e fazem sair o dinheiro do País.
Como afirmou Jerónimo de Sousa no domingo, em Baleizão,na homenagem a Catarina Eufémia, «O PS teve todas as possibilidades e oportunidades para assumir uma mudança de posicionamento e passar a defender os direitos dos trabalhadores. Não o quis fazer, reafirmou a opção pelos interesses do capital. O PS teve todas as oportunidades de responder às necessidades mais prementes, mas nem mesmo as oportunidades abertas pelo Orçamento para 2021 aproveitou. O PS resiste, limita, não cumpre face aos problemas dos trabalhadores, ao mesmo tempo que é mãos largas com centenas de milhões de euros para os grupos económicos e financeiros, em convergência com o PSD, o CDS e os seus sucedâneos do Chega e Iniciativa Liberal».
Ora, para o PCP, a valorização do trabalho e dos trabalhadores é uma questão essencial para assegurar os seus direitos, recuperar e desenvolver o País.
Por isso mesmo,é este o objectivo que está no centro da campanha do PCP pelo emprego e os direitos dos trabalhadores, contra a exploração, contactando os trabalhadores, esclarecendo e mobilizando. É também com este objectivo que o PCP estimula a luta dos trabalhadores pelos seus direitos e a melhoria das suas condições de vida. E foi igualmente com esse objectivo que o PCPinterpelou o Governo nopassadodia 19, na Assembleia da República.
De facto, este é um combate que conta com a intervenção do PCP e com a luta dos trabalhadores que se desenvolve emvário sectores de actividadee pelos objectivos mais diversos: em defesa da produção nacional e pela criação de emprego; pelo aumento geral dos salários para todos os trabalhadores e do salário mínimo nacional para 850 euros; a valorização das carreiras e das profissões; o combate à desregulação dos horários e a redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais; a prevenção do abuso da laboração contínua e do trabalho por turnos e o reforço dos direitos dos trabalhadores nessa situação; o combate à precariedade para que a um posto de trabalho permanente corresponda um contrato de trabalho efectivo; a garantia de melhores condições de trabalho e a efectiva protecção da saúde; o combate às discriminações e às desigualdades; a criação de condições de trabalho dignas e a aplicação dos direitos a todos os trabalhadores; a revogação das normas gravosas da legislação laboral; a garantia da aplicação dos direitos de organização e acção sindical.
E, se para valorizar o trabalho e os trabalhadores a luta é factor imprescindível, não menos imprescindível é dar mais força ao PCP, é reforçar os meios de que precisa para melhorar e intensificar a sua intervenção. É dinamizar a fase final da Campanha Nacional de Fundos «o futuro tem Partido», alargando e concretizando os contactos junto de todos os que, compreendendo a importância do reforço orgânico do Partido e de assegurar a sua independência financeira, considerem seu dever participar nesta Campanha.
Entretanto, avança o trabalho de preparação das eleições autárquicas e de divulgação da Festa do Avante!.
O País precisa de avançar. Precisa de superar os problemas acumulados em resultado de décadas de políticade direita, que se continuam a agravar. O País precisa de uma política patriótica e de esquerda que responda aos seus problemas estruturais e dê respostas imediatas para travar e inverter as situações de degradação económica e social, criar emprego, assegurar e valorizar direitos e salários degradados. Nesta batalha, o PCP conta com os trabalhadores e os trabalhadores podem contar com o PCP.