Na Administração Pública recrudesce a luta
A Frente Comum de Sindicatos anunciou que a luta convocada para dia 20 incluirá greve de 24 horas. Hoje a Fenprof realiza uma concentração junto do Conselho de Ministros, a repetir até ao fim do mês.
O Governo mantém a recusa de negociação das reivindicações
Anteontem, em conferência de imprensa, a Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública revelou os contornos da jornada de luta, já marcada para dia 20, e que vai incluir greves de 24 horas em diversos sectores. Às 15 horas, terá lugar uma concentração geral junto à presidência do Conselho de Ministros.
O coordenador da Frente Comum disse aos jornalistas que persiste a falta de vontade do Governo para negociar a proposta reivindicativa comum. Como «exemplo mais recente» da ausência de respostas, Sebastião Santana referiu o caso do SIADAP (sistema de avaliação do desempenho). Citado pela agência Lusa, o dirigente precisou que o Governo já convocou os sindicatos para uma nova ronda negocial, no dia 10, mas ainda não apresentou uma proposta concreta.
Para a Frente Comum, o que tem havido com o Governo não é uma efectiva negociação, mas «um simulacro».
O pré-aviso de greve não abrange o sector da saúde, devido ao contexto epidémico, mas espera-se que os trabalhadores desta área possam participar em acções no dia 20.
Além da revogação do SIADAP e de um aumento geral dos salários, a Frente Comum exige a dignificação das carreiras, a defesa dos serviços públicos, com valorização dos trabalhadores, e a correcção da Tabela Remuneratória Única (TRU).
O descontentamento e o protesto dos trabalhadores têm sido manifestados em acções dos diversos sectores.
Depois de outras iniciativas, a Federação Nacional dos Professores decidiu realizar, durante todo o mês de Maio, concentrações junto aos locais onde se reúna o Conselho de Ministros, focando os temas prementes que continuam sem resposta. Hoje, a Fenprof e os seus sindicatos estarão, pelas 11 horas, junto do Centro Cultural de Belém, exigindo concursos justos e combate efectivo à precariedade.
Os trabalhadores do Instituto de Segurança Social concentram-se amanhã, dia 7, às 12 horas, na entrada da sede (Avenida 5 de Outubro, em Lisboa), pela integração dos trabalhadores do «banco» de horas no quadro de pessoal e pela valorização das carreiras.
Esta iniciativa, que assinala também o Dia Mundial da Segurança Social, contará com a participação de Sebastião Santana, coordenador da Federação da Função Pública (FNSTFPS), e Isabel Camarinha, Secretária-geral da CGTP-IN.
Inspectores e funcionários do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras vão fazer greve amanhã, dia 7, protestando contra a intenção do Governo de extinguir o SEF. Convocada pelo Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização, a luta conta com a adesão de outros dois sindicatos.
O Sindicato dos Funcionários Judiciais marcou uma greve de uma hora por dia, com início a 17 de Maio e duração de um mês, pela aprovação do estatuto e a valorização da carreira profissional.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses levou ontem a cabo um protesto no Hospital Padre Américo, em Penafiel, pela vinculação de 104 profissionais em situação precária e cujos contratos não serão renovados. «Entraram no Centro Hospitalar Tâmega e Sousa durante a pandemia, para colmatar falhas, e foram para a linha da frente», explica o SEP, considerando «incompreensível e inaceitável que o Governo teime em fomentar a precariedade no SNS». Nesta situação estão, a nível da região do Porto, 850 enfermeiros e, em todo o país, são cerca de 2800.
Depois de diversas iniciativas ao longo do mês de Abril, para 12 de Maio (Dia Internacional do Enfermeiro), está convocada uma concentração nacional em Lisboa.