A Festa do Avante!, a vida, a luta e uma imensa alegria

Em 2020, a re­a­li­zação da Festa do Avante! foi es­sen­cial para der­rubar muitos dos mitos que foram sendo cons­truídos a pro­pó­sito (e a pre­texto) da epi­demia. Na­queles três dias, mos­trou-se que o de­sa­lento não é ine­vi­tável e que mesmo numa si­tu­ação sa­ni­tária di­fícil, como aquela que o País atra­ves­sava e atra­vessa, é sempre pos­sível a ale­gria. Com­provou-se que o exer­cício de di­reitos po­lí­ticos e a fruição da cul­tura não só não ame­açam a saúde como, in­ver­sa­mente, cons­ti­tuem ele­mentos es­sen­ciais de uma vida plena. Deixou-se ainda claro que, com or­ga­ni­zação, cri­a­ti­vi­dade e de­ter­mi­nação, não há obs­tá­culos in­trans­po­ní­veis.

Mas a Festa teve, em 2020, um outro – e de­ci­sivo – papel: apoiou ar­tistas e tra­ba­lha­dores da Cul­tura (al­guns dos quais ti­veram ali a sua única ac­tu­ação do ano), tendo todos eles ex­pres­sa­mente re­co­nhe­cido, em palco e não só, essa im­por­tância; além disso, abriu ca­minho a ou­tras re­a­li­za­ções, que pau­la­ti­na­mente foram tendo lugar. Cons­ti­tuiu, pelo exemplo prá­tico, uma mag­ní­fica res­posta à si­tu­ação do País, mos­trando ser pos­sível e ne­ces­sário que a vida re­tome o seu ca­minho.

A or­ga­ni­zação re­co­nhe­ci­da­mente exem­plar da edição do ano pas­sado per­mite en­carar com con­fi­ança a pró­xima, já mar­cada para 3, 4 e 5 de Se­tembro: num re­cinto de 30 hec­tares to­tal­mente ao ar livre, serão cum­pridas todas as normas e re­co­men­da­ções de modo a ga­rantir a se­gu­rança sa­ni­tária.

A 45.ª Festa do Avante! já está em pre­pa­ração, de­cor­rendo nesta al­tura os ha­bi­tuais tra­ba­lhos de ma­nu­tenção do ter­reno e dos equi­pa­mentos, en­vol­vendo não só a equipa cen­tral da Festa mas também al­guns mi­li­tantes, vá­rios dos quais es­pe­ci­a­li­zados em de­ter­mi­nadas fun­ções. O ar­ranque das jor­nadas de tra­balho está mar­cado para 26 de Junho.

Pro­grama di­ver­si­fi­cado

En­tre­tanto, o pro­grama está ainda em cons­trução, mas o que já se co­nhece per­mite an­tever uma grande edição. Em ano de Cen­te­nário do PCP, a Festa será for­te­mente mar­cada pela afir­mação da his­tória, da luta e do pro­jecto da força que a cons­trói e pro­move e cujos va­lores da paz, da fra­ter­ni­dade e da so­li­da­ri­e­dade tão bem ex­pressa, ano após ano. A ex­po­sição do Es­paço Cen­tral ser-lhe-á de­di­cada.

No plano mu­sical, e para além do re­gresso do Con­certo de sexta-feira (ver caixa), a pro­gra­mação, tal como em 2020, pri­vi­le­giará os es­pec­tá­culos de ar­tistas por­tu­gueses (con­ce­bidos com a in­te­gração de con­vi­dados), os es­tran­geiros ra­di­cados em Por­tugal e os ori­gi­ná­rios dos países afri­canos de língua por­tu­guesa. Não é pos­sível à Festa do Avante! e ao Par­tido que a pro­move man­terem-se in­di­fe­rentes ao mo­mento de es­pe­cial di­fi­cul­dade que os ar­tistas, téc­nicos, pro­gra­ma­dores, agentes e todos, mas mesmo todos os que con­tri­buem para que um es­pec­tá­culo se re­a­lize, estão a passar.

Ainda na mú­sica, foi lan­çado o Con­curso de Bandas da JCP, aberto a mú­sicos e bandas pro­fis­si­o­nais e ama­dores, de todas as cor­rentes mu­si­cais, que apre­sentem temas ori­gi­nais. A média etária das bandas e par­ti­ci­pantes não deve ser su­pe­rior a 35 anos. Or­ga­ni­zado há 24 anos, o con­curso já per­mitiu a cen­tenas de pro­jectos ac­tu­arem ao vivo e mos­trarem as suas can­ções, aju­dando a re­velar nomes que são hoje in­con­tor­ná­veis no pa­no­rama mu­sical na­ci­onal. As in­cri­ções estão abertas até 1 de Junho e as con­di­ções podem ser con­sul­tadas nos sí­tios da JCP e da Festa do Avante! na In­ternet.

Con­fir­mada está também a re­a­li­zação da Bi­enal de Artes Plás­ticas, cujo re­gu­la­mento de par­ti­ci­pação é já pú­blico (https://​www.fes­ta­do­a­vante.pcp.pt/​2021/​xxi­i­bi­enal.pdf).

Te­atro e ci­nema ao ar livre, mos­tras de gas­tro­nomia de todo o País, ex­po­si­ções di­versas, de­bates sobre a ac­tu­a­li­dade na­ci­onal e in­ter­na­ci­onal e va­ri­adas ac­ções po­lí­ticas farão de mais esta edição da Festa do Avante! um evento único no pa­no­rama po­lí­tico-cul­tural do País, a com­provar que, qual­quer que seja a si­tu­ação que se atra­vesse, não há Festa como esta!.

Mú­sica sin­fó­nica de volta

A Festa do Avante! volta a ter este ano um es­pec­tá­culo de mú­sica sin­fó­nica no Palco 25 de Abril, com um pro­grama es­pe­cial que tem o ob­je­tivo de apre­sentar um per­curso sobre a evo­lução da arte mu­sical, em pa­ra­lelo com o pro­gresso da luta dos povos pela sua li­ber­tação ao longo dos úl­timos dois sé­culos.

De­pois do in­ter­regno do ano pas­sado, for­çado por res­tri­ções sa­ni­tá­rias re­la­ci­o­nadas com a epi­demia, estes con­certos re­gressam com uma grande no­vi­dade: o pú­blico pela pri­meira vez irá as­sistir ao con­certo em lu­gares sen­tados, num acrés­cimo de con­forto e de me­lhoria das con­di­ções de au­dição, que me­lho­rarão sig­ni­fi­ca­ti­va­mente a ex­pe­ri­ência dos es­pec­ta­dores.

Num ano em que se juntam os ani­ver­sá­rios dos 100 anos do PCP e os 150 anos da Co­muna de Paris, a or­questra que se apre­sen­tará na noite de sexta-feira, dia da aber­tura da Festa!, irá in­ter­pretar peças que ilus­tram a ver­da­deira re­vo­lução mu­sical que esta forma de arte teve du­rante este pe­ríodo.

Por outro lado, serão apre­sen­tadas ver­sões iné­ditas, feitas pro­po­si­ta­da­mente para este es­pec­tá­culo, de ou­tras peças que ti­veram um papel re­le­vante na mo­bi­li­zação po­pular para vá­rios mo­mentos his­tó­ricos, em re­vo­lu­ções ou em lutas dos sé­culos XIX e XX.

Te­remos assim, por um lado, exem­plos de mo­mentos de cri­ação ar­tís­tica que re­vo­lu­ci­o­naram o mundo da mú­sica. Por outro lado, te­remos exem­plos de peças ar­tís­ticas que foram in­ter­ve­ni­entes em mo­mentos re­vo­lu­ci­o­ná­rios do mundo.

Os de­ta­lhes fi­carão re­ser­vados para um pró­ximo su­ple­mento do Avante! to­tal­mente de­di­cado a este con­certo sin­fó­nico.

Afirmar a Festa e os seus va­lores

Está a de­correr em todo o País desde o pas­sado dia 10 e até ao pró­ximo sá­bado, 17, uma jor­nada de afir­mação da Festa do Avante!, que re­alça aquela que é uma pa­lavra-chave desta ex­tra­or­di­nária re­a­li­zação: ale­gria. No fo­lheto que sus­tenta a jor­nada, afirma-se a Festa como um mo­mento «em que pro­vamos que a ale­gria, a li­ber­dade, a cul­tura, o con­vívio e a luta po­lí­tica por uma so­ci­e­dade mais justa são vi­tais para ter uma vida me­lhor, com paixão».

Para lá da dis­tri­buição do fo­lheto, estão a ser pin­tados mu­rais e afi­xados car­tazes, carros de som estão a per­correr ruas e bairros, na In­ternet estão a ser di­fun­didas men­sa­gens com as prin­ci­pais ca­rac­te­rís­ticas da Festa.