Com a CGTP-IN nas ruas por salários, emprego e direitos

JORNADA Centenas de iniciativas, incluindo acções convergentes nos distritos e regiões autónomas, mostraram a 25 de Fevereiro que os trabalhadores e a CGTP-IN sabem o valor da luta e mantêm-na actual.

A «emergência» de que o País precisa é a resposta eficaz aos problemas

Do Cais do Sodré até junto da Assembleia da República, manifestaram-se trabalhadores do distrito de Lisboa e da Margem Sul (concelhos do norte do distrito de Setúbal)

 

A jornada de luta nacional que o movimento sindical unitário realizou na passada quinta-feira contou com «centenas de plenários, greves, concentrações e acções em empresas, locais de trabalho, serviços, associações patronais, e com acções convergentes a terem lugar em todo o País», disse nessa tarde, no final da manifestação em Lisboa, a Secretária-geral da CGTP-IN.
Isabel Camarinha realçou a «grande participação dos trabalhadores», «numa situação particular, depois de quase um ano de pandemia», e no dia em que na Assembleia da República (junto da qual terminou a manifestação, iniciada no Cais do Sodré pouco depois das 15 horas) era votado o 12.º estado de emergência.
Criticando «esta dinâmica de instrumentalização, que alimenta projectos antidemocráticos e reaccionários que visam a Constituição», a dirigente contrapôs que «a emergência de que o País precisa e que o povo reclama é a resposta eficaz aos problemas concretos».
Para a confederação, «tem de ser feito um balanço, têm de ser tiradas ilações», pois o País precisa «de uma ruptura com as causas das debilidades acumuladas que emergiram neste período».
«O futuro que o País reclama e nós queremos construir não se vislumbra no Plano de Recuperação e Resiliência, o tal da bazuca, que agora é vitamina», afirmou Isabel Camarinha, notando que este é um plano «em que a valorização do trabalho e dos trabalhadores está ausente, e cujas verbas parecem nunca mais chegar».
Esse futuro «não pode continuar adiado nem amarrado ao que lá fora é definido para Portugal». Para a Intersindical Nacional, «o futuro constrói-se hoje» e «passa pela valorização do trabalho e dos trabalhadores, pela afirmação soberana do nosso desenvolvimento».
A Secretária-geral reafirmou as exigências de aumento geral dos salários, em 90 euros, para todos os trabalhadores, e a fixação do salário mínimo nacional em 850 euros, no curto prazo, lembrando que «a recuperação robusta da nossa economia depende essencialmente do poder de compra de quem trabalha e trabalhou».
Como necessidades para «o futuro que o País exige», Isabel Camarinha indicou outras reivindicações que também se expressaram na Resolução aprovada em Lisboa e nas demais concentrações, bem como nas palavras de ordem, nas faixas e nos cartazes, de Norte a Sul, do Funchal à Horta: trabalho com direitos, fim da precariedade e dos vínculos precários para postos de trabalho permanentes; fim dos horários desregulados, dos bancos de horas, do trabalho nocturno que permite a laboração contínua, redução gradual da semana de trabalho para 35 horas.
«Não começou hoje, nem há um ano» a luta com que «se faz a defesa e a conquista de direitos, se resiste à tentativa de aproveitar o vírus para aumentar a exploração». Isabel Camarinha evocou alguns resultados, assim alcançados, como o pagamento integral dos salários em situação de lay-off, em 2021, e «uma, ainda que insuficiente, subida do salário mínimo nacional», tal como, «apesar de insuficientes», «o aumento de pensões e reformas a partir de Janeiro, o suplemento de penosidade e insalubridade, algumas melhorias nas medidas de protecção em situações de maior carência ou, agora, na medida extraordinária de apoio às famílias pelo encerramento das escolas».

Luta para continuar

Trata-se de «uma luta que vamos continuar, rumo à mobilização para as comemorações do 25 de Abril e para realizarmos um grande 1.º de Maio».
É também, assinalou a dirigente, uma luta que «continua nas empresas e nos locais de trabalho, com o desenvolvimento da acção reivindicativa», e que «terá em Março momentos de convergência, nas acções da Semana da Igualdade, de 8 a 12 de Março, com iniciativas em todos os sectores e em todo o País, nos locais de trabalho e na rua». Sob o lema «Defender a saúde, dignificar o trabalho, avançar na igualdade!», estas iniciativas «assinalarão em luta» o 8 de Março, Dia Internacional da Mulher.
A Secretária-geral destacou ainda a realização, a 25 de Março, do «Dia de Luta dos Jovens Trabalhadores, com acções em Lisboa e no Porto, que trarão à rua a exigência de mais emprego, mais salário, mais estabilidade e do futuro a que têm direito».

 

Apoio firme do PCP

Uma delegação do PCP – dirigida pelo Secretário-geral, Jerónimo de Sousa, e da qual fizeram parte Francisco Lopes (membro da Comissão Política e do Secretariado do Comité Central do Partido), João Ferreira (da Comissão Política do CC) e Diana Ferreira (deputada na AR) – saudou os manifestantes, no final da subida da Avenida D. Carlos I, reafirmando a solidariedade activa dos comunistas para com os objectivos desta jornada.
Em declarações aos jornalistas, Jerónimo de Sousa sublinhou que «o Governo não pode ignorar a situação que aí está». «Desregulação dos horários, corte nos salários, despedimentos, cortes diversos no plano social demonstram que é preciso atender a reivindicações justas, designadamente a valorização dos salários e dos direitos», «uma questão fundamental».
Quanto a um calendário para desconfinamento, o Secretário-geral considerou que ele «é urgente, de uma forma pensada, gradual», e lembrou «prioridades que deviam ser atendidas», a começar pelas escolas, «criadas que estejam as condições, como parece surgir», e «outros sectores que estão com a corda na garganta, como a restauração, o comércio, a cultura».

 

Jornada de luta por todo o País


Trabalhadores do distrito de Braga concentraram-se no Largo do Toural, em Guimarães. Uma delegação levou depois à ACT um dossier com problemas que requerem atenção urgente



Em Lisboa, a Interjovem propôs uma «vacina» eficaz para defesa dos direitos dos trabalhadores



Em greve, trabalhadores da DHL Supply Chain concentraram-se, de manhã, junto da sede da empresa, em Vialonga, onde esteve também a Secretária-geral da CGTP-IN. Houve acções junto aos supermercados Pingo Doce, em Condeixa, e Intermarché, em Ovar. Aqui foi conseguido compromisso para acabar com a prepotência patronal e permitir que uma mãe possa acompanhar o filho à escola de acolhimento

 

Na fábrica da Aptiv, em Castelo Branco (na foto), os trabalhadores fizeram greve para reclamar melhores salários e resposta patronal a outras reivindicações. Em plenários, na fábrica da mesma multinacional em Braga, foi admitido voltar a fazer greve, como sucedeu em Setembro, Outubro e Dezembro, caso a administração persista na recusa de negociação da proposta reivindicativa

 

A passagem a efectivos de centenas de enfermeiros que trabalham no Serviço Nacional de Saúde foi o principal problema que motivou protestos nos Hospitais da Universidade de Coimbra (na foto) e no Hospital de Santo António, no Porto. No Hospital Beatriz Ângelo (Loures), o SEP exigiu que este passe a ser gerido pelo Ministério da Saúde, terminando de vez com a parceria público-privada, e que os enfermeiros tenham uma carreira única

 

Concentração em Faro, nas proximidades do centro comercial Fórum Algarve

 

Antes de se integrarem na manifestação, em Lisboa, trabalhadores do transporte de passageiros em veículos descaracterizados de plataformas electrónicas, organizados no STRUP, já tinham ido ao Ministério do Ambiente deixar as suas reivindicações. Além da participação nas manifestações distritais, os sindicatos da Fectrans realizaram diversas iniciativas de contacto com trabalhadores, como sucedeu em Braga e Guimarães, junto dos terminais rodoviários de passageiros, na região Centro (plenário na Transdev) e no Algarve (EVA)

 

Concentração em Aveiro, frente à ACT (Autoridade para as Condições do Trabalho)

 

Nas ruas de Évora, o protesto desfilou em «cordão humano», das Portas de Moura até ao Instituto do Emprego e Formação Profissional

No Porto, os trabalhadores do distrito concentraram-se na Avenida dos Aliados. Para aqui se deslocaram trabalhadores da hotelaria, depois de terem levado o protesto às portas das associações patronais Ahresp e Aphort. Também em Lisboa, a Fesaht promoveu uma concentração, de manhã, junto da sede da Ahresp, onde compareceu a Secretária-geral da CGTP-IN. A federação deu conta igualmente de iniciativas em Coimbra (plenário dos serviços hospitalares dos HUC e concentração do pessoal dos refeitórios escolares do concelho), em Viseu (serviço de refeições do Hospital da CUF) e no Algarve (plenário no Inatel de Albufeira, concentrações do SUCH no Hospital de Faro e dos refeitórios escolares em Lagos)

Contra a intenção de encerramento da refinaria da Petrogal em Leça da Palmeira, trabalhadores do complexo petroquímico manifestaram-se em frente da Câmara Municipal do Porto

Entre as praças do Quebedo e de Bocage manifestaram-se trabalhadores dos concelhos de Setúbal, Palmela, Grândola, Santiago do Cacém e Sines, dos principais sectores de actividade, tanto da Administração Pública, como de empresas privadas

 

No Funchal (foto), realizou-se um plenário regional de sindicatos, cujas conclusões foram depois entregues na Secretaria Regional da Inclusão e Assuntos Sociais. Na RA dos Açores, os participantes num plenário de sindicatos, na Horta, dirigiram-se no final para a Assembleia Legislativa Regional