AGIR O PCP defende a adopção de medidas que garantam uma resposta de emergência que trave os contágios nos lares, proteja os idosos e assegure adequadas condições aos que neles trabalham. Iniciativas legislativas suas com esse fim deram já entrada na AR.
Faz hoje uma semana, 28, foi essa realidade dura vivida naquelas instituições que esteve em destaque no plenário do Parlamento, em debate com o Governo suscitado pelo PCP.
«Os contágios e os surtos em lares que todos os dias são identificados e as suas consequências para os idosos, para as suas famílias, para os trabalhadores e para as instituições impõem a premente concretização, sem adiamento, de várias medidas para travar esta situação», sublinhou a deputada comunista Diana Ferreira na intervenção com que abriu o debate e durante a qual não escondeu a apreensão da sua bancada pela situação critica que se vive em muitos lares.
Preocupação que não é de agora relativamente a um quadro que, infelizmente, tem vindo a agravar-se, sem que lhe esteja a ser dada a resposta que se impunha. Recorde-se que em Março de 2020, em debate quinzenal com o primeiro-ministro, já o Secretário-geral do PCP sublinhava a necessidade imperiosa de serem garantidas condições de funcionamento dos lares de idosos, e medidas de prevenção e contenção do contágio.
Em causa está, desde logo, o disseminar de contágios e de surtos, mas também as condições de trabalho nos lares, com os trabalhadores sem mãos a medir para dar resposta à sobrecarga de tarefas e com «exposição acrescida ao risco de contágio».
Noutro plano, com efeitos não menos nefastos, está o «isolamento familiar e social», a solidão, o «afastamento físico» em que os idosos se encontram, com consequências que, para muitos, serão «irreversíveis aos níveis físico, emocional e social», alertou Diana Ferreira.
Necessidades por satisfazer
O quadro de dificuldades e problemas não se esgota contudo aqui. O deputado comunista João Dias mostrou como ele é mais amplo, trazendo à colação as políticas sociais, nomeadamente a questão das baixas pensões e reformas. «Uma das maiores medidas para melhorar a vida dos idosos e combater a pobreza é a valorização das reformas e pensões – e é aí também que o Governo falha», criticou, lembrando que o valor das reformas não chega para as despesas do dia-a-dia, quanto mais para ter acesso a uma «instituição digna que cuide» dos idosos na fase da vida em que estes têm dificuldades e necessidades acrescidas.
Tudo visto e ponderado, para o PCP, salta à vista que é urgente o reforço do número de trabalhadores nos lares e respectiva formação dos mesmos – não em regime de precariedade, mas com direitos -, tal como é exigível o reforço dos meios de protecção individual a eles destinado e aos idosos.
Mas também cabe ao Governo, na perspectiva do PCP, garantir com a máxima urgência as condições para uma rápida identificação dos contágios e seu isolamento, do mesmo modo que lhe compete assegurar que os meios, condições e planos de contingência das instituições são objecto de acompanhamento e fiscalização por parte da Segurança Social.
À ministra que tutela o Trabalho, Solidariedade e Segurança Social foram ainda colocadas questões relacionadas com a insuficiência de resposta ao nível da rede de cuidados continuados e do apoio domiciliário.
Também a proliferação de lares ilegais e de listas de espera por insuficiência de vagas, problema que classificou de «estrutural», não escapou à análise minuciosa de Diana Ferreira, que exigiu acção urgente para o «enfrentar e inverter».
Nenhum dos pedidos formulados pela bancada comunista obteve esclarecimento cabal de Ana Mendes Godinho, que se ficou pelo enumerar dos apoios aprovados ou em execução pelo Executivo, desde o início da epidemia.