1815 – A Santa Aliança
Elaborado pelo czar russo Alexandre I e visando a restauração do Antigo Regime, o tratado conhecido como a «Santa Aliança» acobertou-se sob a capa de elevados objectivos religiosos: manter e propagar os «ideais da Justiça e da fé cristã». Na verdade, o pacto assinado em Paris pelo imperador da Áustria, Francisco I; por Frederico Guilherme III, da Prússia; pelo príncipe regente da Inglaterra e pelo czar russo, a que se juntou, em 1818, o rei Luís XVIII da França, escondia a pretensão de manter o absolutismo, então dominante na Europa, como filosofia de Estado, e de reprimir as sublevações emergentes de sectores sociais que aspiravam a uma política mais liberal. Coube a Klemens Wenzel von Metternich, que já havia liderado a delegação austríaca ao Congresso de Viena que dividiu a Europa pós-napoleónica entre as principais potências, dar forma aos princípios que permitiam a intervenção militar de qualquer das nações noutra que enfrentasse movimentos de cariz revolucionário e liberal. Foi graças à Santa Aliança que os levantamentos em Espanha (1820 a 1823), Nápoles (1820 a 1821), Piemonte (1821) e Grécia (1821) foram derrotados. Ironicamente, seria a interferência nos assuntos internos doutros países a provocar o fim da Aliança, na década de 1830.