Eleições na Venezuela foram afirmação de soberania
SOLIDARIEDADE O CPPC promoveu no dia 18, em Lisboa, uma sessão pública sobre as recentes eleições legislativas na República Bolivariana da Venezuela. O lema não podia ser mais acertado: Respeitar a vontade do povo venezuelano.
Concorreram às eleições 107 forças políticas, 98 das quais da oposição
Foram oradores na sessão, realizada na Casa do Alentejo, os embaixadores da Venezuela e de Cuba em Portugal, respectivamente Lucas Rincón Romero e Mercedes Martínez, a deputada do PCP no Parlamento Europeu Sandra Pereira (que esteve como observadora nas eleições de 6 de Dezembro) e Luís Carapinha, do CPPC. Todos se referiram ao contexto particular em que se realizou a eleição da Assembleia Nacional, marcado pelo violento e ilegal bloqueio comercial, económico, diplomático e político imposto pelos EUA (e replicado por outros países) e pela pandemia de COVID-19. E concordaram que, sobretudo em tal situação, a votação e o resultado constituíram uma vibrante afirmação de soberania e independência do povo venezuelano.
Luís Carapinha traçou um retrato daquele país nas últimas décadas: de expoente do neoliberalismo e do total alinhamento com o imperialismo, com o seu rasto de miséria, desigualdades e repressão, aos 20 anos de Revolução Bolivariana, marcados por extraordinários avanços políticos, económicos, sociais e culturais e, também, por uma constante ingerência por parte do imperialismo.
Sandra Pereira partiu desta análise e relatou muito do que viu durante a sua estadia na Venezuela: meios de transporte parados por falta de peças, que não podem ser substituídas devido ao bloqueio, dificuldades de mobilidade por carência de combustível foram alguns dos problemas testemunhados. De resto, um povo alegre, confiante e determinado em ser livre, um acto eleitoral exemplar com todas as garantias de democraticidade e segurança sanitária.
Solidariedade e progresso
A diplomata cubana realçou a firme solidariedade que une o seu país à República Bolivariana da Venezuela, realçando que nas últimas duas décadas ambos aprenderam «o que é a colaboração entre países soberanos». Esta cooperação é para continuar e aprofundar-se tanto quanto possível, garantiu Mercedes Martínez.
A embaixadora cubana denunciou ainda as consequências, para a América Latina e as Caraíbas, da imposição do capitalismo na sua versão neoliberal: as desigualdades aumentam, entre nações e dentro de cada país. «O neoliberalismo descarta milhões de seres humanos», que se limitam a sobreviver «com as sobras do banquete dos mais ricos».
Já o general Lucas Rincón recordou que às eleições de 6 de Dezembro concorreram 107 forças políticas, 98 das quais da oposição. De fora ficou apenas, por vontade própria, o partido de Juan Guaidó, principal ponta de lança do imperialismo no país. O diplomata denunciou o bloqueio e o roubo de riquezas e activos venezuelanos por instituições financeiras internacionais (desde logo o Novo Banco), que já custaram à Venezuela qualquer coisa como 130 mil milhões de dólares. Acusou ainda os EUA de procurarem replicar o que fizeram no Chile entre 1970 e 1973, garantindo que não terão êxito. «Venceremos!», ouviu-se uma vez mais.