Iniciou-se esta semana o novo ano escolar. É, sem dúvida, um passo positivo, devendo assegurar-se os meios necessários (nomeadamente os profissionais) e as condições para que a relação pedagógica (sempre preferível à relação virtual) decorra no contexto de uma educação pública, gratuita, de qualidade e inclusiva, como determina a Constituição da República Portuguesa.
Também esta semana a diretora-executiva da UNICEF informou que quase 900 milhões de crianças em todo o mundo não regressaram ainda à escola devido à pandemia da COVID-19, o que as pode tornar mais vulneráveis ao trabalho infantil, a abusos sexuais, à violência física e emocional.
«Quanto mais tempo as crianças ficam ausentes da escola – afrmou ainda – mais dificuldade têm em regressar à escola», sustentou, avisando que «há o risco de que milhões de crianças acabem no abandono escolar devido à COVID-19».
Henrietta Fore realçou, ainda, que pelo menos 463 milhões de crianças não tiveram acesso ao ensino à distância por falta de computadores ou de ligação à internet.
Por sua vez, a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, enfatizou que a reabertura de «forma segura» das escolas deve «ser uma prioridade», sendo que nos «meios mais desfavorecidos» as escolas garantem não só a educação, mas também a saúde, segurança e nutrição das crianças.
Nestes 463 milhões de crianças que não tiveram acesso ao ensino à distância por falta de computador ou ligação à internet, quantas terão sido as crianças portuguesas?
Tendo presente a natureza desumana (e cruel) do poder opressor do capital monopolista, não há dúvida que direitos como estes ou se defendem e alargam ou se perdem e definham. Que falta que faz uma escola verdadeiramente democrática para promover o desenvolvimento individual e social, assegurar o bem-estar! e até mesmo salvar vidas! E quão importante e carregada de humanismo é a luta que travamos para que essa escola (a que há muitos anos Abril abriu portas) se concretize!