Maria Velho da Costa, «Mulher de Abril»
A escritora portuguesa Maria Velho da Costa morreu no dia 23, aos 81 anos, em Lisboa, cidade onde nasceu. Prémio Camões em 2002, do seu acervo literário em conto, teatro mas sobretudo no romance constam obras como «Casas Pardas», «Da Rosa Fixa», «Lucialima» e «Missa in Albis».
«A História da Literatura Portuguesa fixará o nome de Maria Velho da Costa como uma das mais fecundas e inovadoras vozes da nossa ficção», sublinha a Direcção do Sector Intelectual da Organização Regional de Lisboa do PCP em nota aos órgãos de comunicação social, onde transmite à família o seu pesar pelo falecimento da autora de «Maina Mendes» (1969), um dos «relevantes e originais romances portugueses da segunda metade do século XX».
O MDM, por seu lado, falando do trabalho literário da escritora, realça em comunicado a sua «escrita comprometida e desassombrada», o «carácter inovador do seu experimentalismo linguístico», lembrando que Maria Velho da Costa é «uma das Mulheres de Abril», «uma mulher de Sempre, contagiante com seu poemário na nossa luta pela dignificação das mulheres».
Em 1972, Maria Velho da Costa, com Maria Isabel Barreno e Maria Teresa Horta, assina parte dos textos de Novas Cartas Portuguesas, livro que tem por matriz as «Cartas» de Mariana Alcoforado e que se constituiu em denúncia da repressão e censura do regime fascista e de exaltação da liberdade de valores para as mulheres, o que valeu às três autoras ameaças e processos-crime, a que só a Revolução do 25 de Abril poria fim.
Como argumentista, trabalhou com os cineastas João César Monteiro, Margarida Gil e Seixas Santos.
No percurso literário, Maria Velho da Costa foi várias vezes premiada. Em 2002 foi galardoada com o Prémio Camões, em 2003, foi feita Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e, em 2011, Grande-Oficial da Ordem da Liberdade.