Séc. XVI – Roxelana, hasequi sultana

«Meu amor de cabelos negros e belas sobrancelhas, de olhos lânguidos e traiçoeiros / cantarei sempre as tuas prendas / Eu, apaixonado de coração atormentado / Muhibbi de olhos cheios de lágrimas, estou feliz». Os versos de Suleiman sob o pseudónimo de Muhibbi, o mais importante sultão do império otomano, são dedicados a Roxelana, a escrava que chegou a Istambul para ingressar no harém e acabou por ser a primeira mulher a ostentar o título de «consorte imperial». Nascida no reino da Polónia como Alexandra Lisowska, filha de um padre ortodoxo, Roxelana foi escravizada pelos tártaros e oferecida em 1520 a Suleiman, recém chegado ao trono. Rezam as crónicas que Suleiman logo sucumbiu à sua beleza, alegria e inteligência. A ascensão da jovem escrava desafia todas as regras do serralho: de favorita a esposa legal do sultão, Roxelana não só teve vários filhos como foi a primeira mulher a permanecer em Istambul toda a vida, o que nunca tinha acontecido, como se mudou do harém para o Palácio Topkapi, rompendo com o decreto do sultão Mehmed, o Conquistador, que expressamente dizia que nenhuma mulher podia residir no mesmo edifício em que eram tratados os assuntos de Estado. Repousa num mausoléu da mesquita Suleiman, em Istambul, ao lado do sultão, a quem sucedeu Selim, filho de ambos.