OLHAR O FUTURO COM CONFIANÇA
«Intervir, lutar, avançar»
Na passada sexta-feira, dia 6 de Março, assinalou-se o 99.º aniversário do Partido Comunista Português, que teve uma elevada expressão no comício realizado em Lisboa, com a participação de Jerónimo de Sousa. Foi de facto um significativo momento político que valorizando o percurso de intervenção e de luta do Partido Comunista Português ao serviço dos trabalhadores e do povo, deu destaque à identidade, ao ideal e ao projecto comunistas que nortearam, norteiam e continuarão a nortear a vida do PCP.
Neste mesmo comício deu-se início às comemorações do centenário do Partido Comunista Português que se vão desenvolver até 6 de Março de 2022 e incorporam um abrangente e diversificado conjunto de actividades, cujo programa foi dado a conhecer e o Avante! reproduz nesta edição.
O Partido, o reforço da sua organização e intervenção é aspecto central com destaque para a açcão dos 5 mil contactos com trabalhadores, a finalizar neste mês de Março, e que deve merecer atenção prioritária por parte das Organizações Regionais do PCP com a tomada das medidas indispensáveis à sua plena concretização.
A situação económica e social do País, inseparável da crise estrutural do capitalismo e do processo de integração capitalista na União Europeia, continua a evidenciar os problemas decorrentes de décadas de política de direita que se reflectem nomeadamente nos salários, nos direitos e nos serviços públicos.
É neste quadro que as questões do Covid-19 têm vindo a ganhar grande relevo mediático a partir de uma lógica alarmista.
Para o PCP, sem embarcar em alarmismos, o problema que deve merecer atenção são as medidas de prevenção e sensibilização da população que é necessário tomar para assegurar respostas estruturais de prevenção e tratamento, nomeadamente pelo reforço do Serviço Nacional de Saúde (garantindo, por exemplo, equipamentos, reforço de camas nas enfermarias e o fim das limitações à contratação de pessoal).
Por outro lado, não é admissível que se aproveite a situação para novos ataques ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) por aqueles que são os principais responsáveis por anos de subfinanciamento e que vêm agora criticar esse subfinanciamento, como se nada tivessem a ver com ele, para abrir as portas ao domínio do grande capital também neste sector.
No mesmo sentido, no plano económico, assistimos a empolamentos, que servem de pretexto para novas tentativas de, a partir de situações conjunturais e temporárias, promover o agravamento da exploração, quer pela contenção e cortes de salários, quer pela canalização de mais apoios para o grande capital, como se verifica nas medidas anunciadas pelo Governo na passada segunda-feira, na sequência da reunião da concertação social.
Combatendo liminarmente soluções que passem pelo ataque aos salários e aos direitos ou pela fragilização da Segurança Social, o PCP insiste que, tal como a situação do País comprova, a solução passa pela valorização do trabalho e dos trabalhadores, pela substituição de importações, pela valorização da produção nacional que precisa de ser apoiada e promovida,designadamente as PME, sendo o desenvolvimento da luta dos trabalhadores e das populações o elemento central a estimular.
É nesta dinâmica de luta e acção de massas que se insere a grande manifestação nacional de mulheres realizada no passado dia 8, Dia Internacional da Mulher, com a participação de milhares de pessoas, atravessou a baixa lisboeta, entre a Praça dos Restauradores e a Ribeira das Naus. Foi, de facto, uma grande manifestação – que os principais órgãos da comunicação social desvalorizaram – demonstrativa da força da unidade das mulheres em defesa dos seus direitos e pela paz no mundo, importante jornada na luta emancipadora da mulher, em Portugal. Mulheres que neste dia, nesta grande acção de massas e em centenas de outras iniciativas por todo o País, reclamaram uma verdadeira política de igualdade, a igualdade na vida, só possível de ser conseguida num País com desenvolvimento soberano e progresso social.
É no âmbito desta dinâmica de luta que se desenvolve a acção reivindicativa nas empresas e locais de trabalho e avança a preparação quer da greve da Administração Pública marcada pela Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública para 20 de Março, quer da manifestação nacional da juventude trabalhadora convocada pela CGTP-IN/Interjovem para 26 de Março, quer ainda das comemorações do 46.º aniversário do 25 de Abril e da jornada do 1.º de Maio.
No mesmo sentido, desenvolve-se a luta das populações em torno dos seus interesses e direitos concretos, nomeadamente em torno da defesa do direito à habitação e em defesa do Serviço Nacional de Saúde.
Como sublinhou Jerónimo de Sousa no comício do 99.º aniversário do Partido, «somos essa grande força que, com a energia das suas firmes convicções, transporta a bandeira da esperança e nos diz que valeu e vale a pena olhar para o futuro com confiança, porque perseguimos o ideal mais nobre da emancipação e libertação da exploração do homem pelo homem.».