A Central Unitária de Trabalhadores do Chile (CUT) iniciou uma campanha, em articulação com os partidos da oposição, no sentido de apelar ao voto favorável a uma nova Constituição no referendo de 26 de Abril próximo.
No seu XII Congresso Nacional, realizado nos dias 24 e 25 de Janeiro passado, a CUT criou o Comando 26 de Abril para trabalhar pelo Sim no processo constituinte, mediante uma coordenação estratégica das organizações sindicais com os grupos que forem criados pelas forças políticas para promover a aprovação da nova carta magna chilena.
Uma representante do Comando 26 de Abril, Ana Bell Jaras, declarou ao jornal El Siglo que o objectivo da CUT é juntar-se a todas as organizações que são pela aprovação e pela convenção constitucional, «já que por unanimidade decidimos incorporar-nos neste processo e ajudar todo o tipo de unidade». Acentuou que «somos pela aprovação porque, para os trabalhadores, é fundamental derrubar a Constituição de 1980, já que fomos os mais prejudicados» por essa lei fundamental ainda em vigor e imposta na época da ditadura de Augusto Pinochet.
A representação da CUT já se reuniu com os grupos Eu Aprovo, da Democracia Cristã; Chile Aprova, dos partidos Pela Democracia, Socialista e Radical; e Que Chile Decida, da Frente Ampla.
Daniel Andrade, do grupo Que Chile Decida, anunciou que já foram acordadas várias acções conjuntas e o desenvolvimento de uma campanha casa a casa, para explicar ao longo de todo o país a opção pela convenção constitucional. Apelou a todos os partidos da oposição e às organizações sociais a juntar-se a esta mobilização coordenada para ganhar o referendo de Abril «porque enfrentamos um inimigo que dispõe de muito mais recursos, embora nós tenhamos conquistado as mentes e os corações dos chilenos».
Protestos no feminino
Numerosas organizações de mulheres do Chile, reunidas na Coordenadora 8M, convocaram um amplo movimento de protestos, em Março próximo, para exigir direitos. No que denominaram «Março Feminista», os protestos vão decorrer em mais de 20 locais de Santiago do Chile mas as acções mais marcantes estão previstas para os dias 8 e 9.
Os protestos assentarão, logicamente, na exigência dos direitos da mulher nos planos laboral e social e contra a violência, mas juntar-se-ão às reivindicações sociais que uniram toda a cidadania após o levantamento social iniciado a 18 de Outubro de 2019 e no qual as mulheres têm desempenhado um papel principal.
A porta-voz da Coordenadora 8M, Javiera Manzi, esclareceu que para as manifestações e marchas programadas não será pedida autorização às autoridades da capital.
A decisão foi tomada para mostrar a rejeição das mulheres face à política repressiva policial contra o movimento social, com recurso a grandes contingentes de carabineiros mobilizados para dispersar com violência manifestações e marchas populares pacíficas.