Trabalhadores em França preparados para novas lutas
GREVES A CGT convocou para 9 de Janeiro outra jornada de luta, a quarta grande mobilização popular desde o início, há um mês, das greves contra a proposta governamental de alterar o sistema das pensões de reforma.
CGT convocou para 9 de Janeiro outra manifestação popular
O secretário-geral da Confederação Geral do Trabalho (CGT), Philippe Martínez, e o secretário de Estado dos Transportes, Jean-Baptiste Djebbari, trocaram acusações sobre as mudanças no sistema pensões de reforma que o governo francês pretende impor e os trabalhadores contestam.
Ambos concederam entrevistas ao semanário Le Journal du Dimanche, de 29 de Dezembro, vigésimo-quinto dia de greve convocada pelos sindicatos, que se opõem ao projecto governamental de um sistema universal de pensões por pontos para substituir os 42 regimes actuais e fixar nos 64 anos a «idade de referência» para a reforma sem penalizações.
O governo insiste que o plano traria justiça social e equilíbrio às reformas, mas os sindicatos advertem que a alteração atacaria os bolsos dos reformados e beneficiaria interesses financeiros.
«Emmanuel Macron quer ser o homem do novo mundo, mas imita Margaret Thatcher», acusou o líder da CGT, que defende a anulação do projecto e o começo de negociações para melhorar o sistema de pensões em vigor, que considera «o melhor do mundo».
O actual movimento grevista tem tido um severo impacto no transporte público e já superou em duração a greve de 1995, em resultado da qual teve de demitir-se o primeiro-ministro Alain Juppé, com a sua proposta de «modernização» do país, qualificada de neoliberal.
Martínez considera que a greve põe em evidência o mal-estar cidadão em França depois de «dois anos e meio de sofrimento», desde a chegada de Macron à presidência. E realça que a luta já trouxe resultados, pois o governo, após semanas de luta, já recuou e aceitou manter alguns regimes especiais de reformas.
Depois do Natal e da passagem de ano com fortes restrições nos transportes, em especial os ferroviários, está prevista para a próxima terça-feira, 7, nova reunião entre representantes governamentais e sindicais, continuação dos encontros de 18 e 19 do mês passado, que não chegaram a quaisquer acordos.
A CGT e outras organizações sindicais, apoiadas por partidos e forças de esquerda, convocaram para o dia 9 de Janeiro outra jornada de protesto nacional, que será a quarta mobilização popular contra o projecto governamental, após as grandes manifestações dos dias 5, 10 e 17 de Dezembro do ano findo.