Morreu Arquimedes da Silva Santos
Arquimedes da Silva Santos, médico, poeta, escritor, antifascista, o último dos autores neo-realistas, morreu, domingo, com 98 anos.
Natural da Póvoa de Santa Iria, foi um dos elementos que integraram o chamado grupo neo-realista de Vila Franca de Xira (VFX), dinamizado por Alves Redol e com grande influência nesta corrente literária, da qual fizeram parte ainda escritores como Soeiro Pereira Gomes, Manuel da Fonseca, Fernando Namora, Carlos Oliveira ou Vergílio Ferreira. Teve um papel importante na institucionalização do Museu do Neo-Realismo, situado em VFX.
O especialista em Neuropsicologia Infantil foi um pioneiro na introdução do ensino artístico na educação e a sua obra literária divide-se entre a poesia – com o seu primeiro livro «Voz Velada», em 1957, e «Cantos Cativos» (três edições) – e a ensaística, essencialmente no campo da Psicopedagogia e da Educação pela Arte.
Fernando Lopes-Graça compôs vários dos poemas de Arquimedes da Silva Santos e ensaiou alguns deles para o seu Coro entoar, como «O Jardim de Bolonha». Foi sócio honorário da Associação Lopes-Graça e seu homenageado, em 2015.
Em 1998, foi agraciado pela Presidência da República com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, em 2001, com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública, e em 2018 foi distinguido com o título de Doutor Honoris Causa, pela Universidade de Lisboa.