Prosseguir uma intervenção vinculada ao nosso compromisso com os trabalhadores e o povo

OR­GA­NIZAÇÃO No dia 22, Je­ró­nimo de Sousa par­ti­cipou na reu­nião dis­trital de qua­dros da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Évora (OREV) onde se en­cetou uma larga dis­cussão sobre o re­cente ciclo elei­toral, a di­na­mi­zação da acção do Par­tido, assim como o re­forço da sua or­ga­ni­zação e in­ter­venção junto dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções.

«É im­pres­cin­dível que es­te­jamos onde há ne­ces­si­dade de estar»

A ini­ci­a­tiva teve lugar no Te­atro Garcia de Re­sende, no centro da ca­pital de dis­trito, e contou com a pre­sença de mais de 90 mi­li­tantes, qua­dros e mem­bros dos vá­rios ór­gãos de di­recção con­ce­lhia do Par­tido. Pas­sadas as elei­ções le­gis­la­tivas, e res­pon­dendo ao apelo lan­çado pelo Co­mité Cen­tral de pro­mover por toda a es­tru­tura do Par­tido reu­niões e de­bates para ana­lisar re­sul­tados, ava­liar o es­tado da or­ga­ni­zação e pers­pec­tivar o seu re­forço e a in­ter­venção fu­tura. A reu­nião re­gi­onal da pas­sada sexta-feira se­guiu-se a 40 ou­tras ini­ci­a­tivas e reu­niões de cariz se­me­lhante.

Ao Se­cre­tário-geral do PCP coube pro­ferir as pri­meiras pa­la­vras da noite, abrindo a dis­cussão que se des­do­braria por muitas ou­tras in­ter­ven­ções. Je­ró­nimo de Sousa co­meçou por re­lem­brar a si­tu­ação re­sul­tante das elei­ções de 2015, que abriu o que se passou de­signar por «nova fase da vida po­lí­tica na­ci­onal». Hoje, o quadro de re­lação de forças é se­me­lhante a essa al­tura, porém, é «in­ques­ti­o­nável» que a si­tu­ação po­lí­tica é «di­fe­rente da­quela que se apre­sen­tava há qua­tros anos», co­meçou por su­bli­nhar o di­ri­gente co­mu­nista.

Apesar dos avanços al­can­çados nos úl­timos quatro anos, por acção de­ter­mi­nante dos co­mu­nistas e seus ali­ados, o PS man­teve, em ques­tões es­tru­tu­rais, as «mesmas op­ções de sempre», amar­radas à po­lí­tica de di­reita e ao ser­viço dos «pri­vi­lé­gios e con­di­ções de do­mínio dos grandes grupos eco­nó­micos e do grande ca­pital sobre a vida na­ci­onal».

O que se impõe é, por outro lado, a «res­posta aos pro­blemas dos tra­ba­lha­dores, da ga­rantia dos di­reitos so­ciais e do de­sen­vol­vi­mento do con­junto da eco­nomia», re­levou o di­ri­gente co­mu­nista, para quem a con­ti­nui­dade do Go­verno mi­no­ri­tário de PS está, hoje, de­pen­dente do mesmo que es­teve o an­te­rior: da re­a­li­zação de uma po­lí­tica «que dê so­lução aos pro­blemas do País, dos tra­ba­lha­dores e do povo». «Cla­ri­ficar isto é im­por­tante», afirmou.

Honrar com­pro­missos

Quanto às pers­pec­tivas co­lo­cadas com o ac­tual Go­verno do PS, Je­ró­nimo de Sousa re­meteu para a ava­li­ação do seu Pro­grama, apre­sen­tado e de­ba­tido re­cen­te­mente. Trata-se, ga­rantiu, de um Pro­grama que con­tinua a dar «pri­o­ri­dade ao dé­fice e à dí­vida», per­petua vi­sões «as­sis­ten­ci­a­listas em pre­juízo de op­ções de jus­tiça na dis­tri­buição da ri­queza», prevê a «ma­nu­tenção de um quadro de­gra­dado de di­reitos la­bo­rais» e não res­ponde «aos atrasos no de­sen­vol­vi­mento de in­fra­es­tru­turas pú­blicas e de di­na­mi­zação dos sec­tores pro­du­tivos na­ci­o­nais».

No es­sen­cial, des­tacou, o Pro­grama do Go­verno «não só não abre pers­pec­tivas de avanços como in­dica so­lu­ções de sen­tido ne­ga­tivo ou até re­tro­cessos nos do­mí­nios da Ad­mi­nis­tração Pú­blica, dos trans­portes, am­bi­ente, cre­ches, de­fi­ci­entes, poder local, cul­tura, entre ou­tros». Quanto ao PCP, e como até aqui, «pros­se­guirá a in­ter­venção e ini­ci­a­tiva pró­pria guiada pelo seu com­pro­misso com os tra­ba­lha­dores e o povo e de­ter­mi­nada pelo seu pró­prio pro­grama e pro­jecto po­lí­ticos».

Da re­a­li­dade na­ci­onal para a re­gi­onal, Je­ró­nimo de Sousa re­alçou que o dis­trito de Évora «há muito que aguarda res­posta aos seus inú­meros pro­blemas nos do­mí­nios da saúde, edu­cação, forças e ser­viços de se­gu­rança, da mo­bi­li­dade e das infra-es­tru­turas e equi­pa­mentos», que uma vez re­sol­vidos «fa­riam toda a di­fe­rença para o de­sen­vol­vi­mento da re­gião». Je­ró­nimo de Sousa par­ti­cu­la­rizou em se­guida o caso do Hos­pital Cen­tral Pú­blico do Alen­tejo, re­al­çando que apesar de já ter sido aberto o con­curso pú­blico para a sua cons­trução, é pre­ciso ga­rantir a sua con­cre­ti­zação com a alo­cação do in­ves­ti­mento pú­blico ne­ces­sário.

Re­cordou ainda os atrasos na con­clusão do IP2, o aguar­dado in­ves­ti­mento na li­gação fer­ro­viária Sines-Caia, a ne­ces­sária re­a­ber­tura das es­ta­ções dos CTT em Re­dondo, Ar­rai­olos, Mora, Portel e Viana do Alen­tejo ou ainda as vá­rias es­tru­turas ar­tís­ticas e cul­tu­rais que apesar de con­si­de­radas ele­gí­veis para fi­nan­ci­a­mento pú­blico, foram ex­cluídas desses mesmos apoios.

«É ina­cei­tável! O que se con­cre­tiza é uma po­lí­tica que serve a quem mais tem, aos grupos eco­nó­micos que vivem na im­pu­ni­dade e fazem o que querem sem olhar a meios para re­finar os me­ca­nismos de ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores e do povo», afirmou o Se­cre­tário-geral, acres­cen­tando que «é uma evi­dência que a so­lução dos pro­blemas na­ci­o­nais não en­contra res­posta na ac­tual po­lí­tica que, nas suas op­ções mais es­tru­tu­rantes, não se dis­tancia das po­lí­ticas de di­reita do pas­sado».

Afirmar a al­ter­na­tiva

O «grande e cen­tral com­bate que temos pela frente» é, pois, o da afir­mação e con­cre­ti­zação de uma po­lí­tica al­ter­na­tiva capaz de li­bertar o País das im­po­si­ções ex­ternas e as­se­gurar o seu de­sen­vol­vi­mento so­be­rano, uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda», sa­li­entou Je­ró­nimo de Sousa ao re­ferir o con­junto de 50 ini­ci­a­tivas le­gis­la­tivas que o PCP já apre­sentou na As­sem­bleia da Re­pú­blica e que con­cre­tizam essa mesma al­ter­na­tiva.

«O PCP vai estar na linha da frente do com­bate por novos avanços, ga­ran­tindo os com­pro­missos as­su­midos, dando força à luta dos tra­ba­lha­dores e do povo para de­fender di­reitos e con­tri­buir para uma vida me­lhor», as­se­gurou, em jeito de con­clusão, o di­ri­gente co­mu­nista.


«O Par­tido é cada um de nós»

Pa­trícia Ma­chado, membro da Co­missão Po­lí­tica e res­pon­sável pela DOREV, usou da pa­lavra logo após Je­ró­nimo de Sousa para re­a­firmar aquele que era um dos ob­jec­tivos da reu­nião: «apro­fundar a dis­cussão sobre os nossos pró­prios meios, a nossa or­ga­ni­zação, as ca­pa­ci­dades que temos, mas também a com­pre­ensão sobre o quadro po­lí­tico em que o Par­tido de­sen­volve a sua acção».

Na tó­nica do re­forço do Par­tido e da es­tru­tura par­ti­dária, a di­ri­gente co­mu­nista lem­brou os 90 novos mi­li­tantes no dis­trito de Évora, re­sul­tantes da cam­panha dos 5 mil con­tactos. A par da ne­ces­si­dade da dis­tri­buição de ta­refas e da in­te­gração destes novos mi­li­tantes, Pa­trícia Ma­chado lem­brou também o res­ta­be­le­ci­mento do con­tacto com mi­li­tantes mais an­tigos como uma ne­ces­si­dade, sendo que ainda faltam ser en­tre­gues 1460 novos car­tões do Par­tido.

De igual forma, «é fun­da­mental que os qua­dros do Par­tido com­pre­endam a ne­ces­si­dade de serem to­madas as me­didas para ga­rantir a in­de­pen­dência fi­nan­ceira que ga­rante a in­de­pen­dência po­lí­tica», afirmou. Em 2018, apenas 35 por cento dos mi­li­tantes do dis­trito pa­garam as quotas. «É pre­ciso ir mais longe no prin­cípio dos eleitos e na cam­panha do dia de sa­lário». O re­forço da li­gação do Par­tido à re­a­li­dade e aos pro­blemas con­cretos, a in­ter­venção e a pro­posta das or­ga­ni­za­ções par­ti­dá­rias nas em­presas e lo­ca­li­dades são ques­tões de­ci­sivas, fi­na­lizou Pa­trícia Ma­chado.

João Oli­veira, membro da Co­missão Po­lí­tica e de­pu­tado eleito por aquele cír­culo elei­toral, re­flectiu sobre as elei­ções, abor­dando não o re­sul­tado mas a cam­panha. In­te­grando o de­bate numa ló­gica de re­a­pro­vei­ta­mento, para o fu­turo e para as ba­ta­lhas que se apro­ximam, das di­nâ­micas e opor­tu­ni­dades cri­adas e ge­radas du­rante a cam­panha, afirmou ser ne­ces­sário «olhar para a cam­panha que fi­zemos e re­tirar dela todas as li­ções e en­si­na­mentos pos­sí­veis».

«Julgo que seja im­por­tante fazer este ba­lanço da cam­panha, iden­ti­fi­cámos muitos pro­blemas, con­tac­támos com muitas pes­soas. O quê que vamos fazer com toda a força que nos deram nas elei­ções? Como é que vamos mo­bi­lizar todas essas pes­soas para as as­so­ci­armos à nossa ini­ci­a­tiva na AR?», in­ter­rogou-se, acres­cen­tando que «é pre­ciso en­carar o de­safio de como po­demos passar das elei­ções para o resto, ao fa­zermos esta aná­lise sobre as me­didas que pre­ci­samos de tomar para que tudo que fi­zemos du­rante a cam­panha não fique aca­bado com o re­sul­tado das elei­ções».

João Dias Co­elho, res­pon­sável pela Di­recção Re­gi­onal do Alen­tejo (DRA) e membro da Co­missão Po­lí­tica, abordou as cam­pa­nhas di­fa­ma­tó­rias que foram sendo lan­çadas contra o Par­tido que, ga­rante, «não ficou para trás; ficou lá, na cons­ci­ência das pes­soas, ficou lá a marca do pre­con­ceito e da dú­vida». Com isto pro­curou-se atingir o Par­tido e «abalar a con­fi­ança na marca do que são os va­lores do tra­balho, ho­nes­ti­dade e com­pe­tência».
Des­truir o PCP, su­bli­nhou o res­pon­sável pela DRA, «é um velho sonho. É mul­ti­fa­ce­tado, de­sen­volve-se a nível in­ter­na­ci­onal e na­ci­onal».
E acres­centou: «Sem pre­juízo pela ava­li­ação do que correu bem e menos bem, do que temos que se­gu­ra­mente me­lhorar em muitos e di­ver­si­fi­cados as­pectos, do que temos que apro­fundar na aná­lise, com o sen­tido de agir, im­porta que na apre­ci­ação a cada fe­nó­meno não
par­tamos dos cri­té­rios de aná­lise que nos querem impor porque, num Par­tido Co­mu­nista, a aná­lise tem de partir de um ponto de vista de classe, ob­ser­vando o quadro po­lí­tico, eco­nó­mico, so­cial e ide­o­ló­gico na­ci­onal e in­ter­na­ci­onal em que tra­vamos cada uma das ba­ta­lhas e as ten­dên­cias ge­rais em Por­tugal e no mundo.»

Di­a­man­tino Dias, do Co­mité Cen­tral, su­bli­nhou o que é o papel dos co­mu­nistas e dos eleitos da CDU nas au­tar­quias lo­cais. «Quando muitas forças lo­cais já só se pre­o­cupam com as elei­ções de 2021. Nós fa­zemos o con­trário. Todos nós, que es­tamos em man­datos au­tár­quicos, pre­ci­samos de fazer um exame ao nosso tra­balho, à nossa pos­tura e ao nosso dia-a-dia nesta im­por­tante ta­refa», afirmou. Neste dis­trito, acres­centou, «temos uma res­pon­sa­bi­li­dade imensa, sendo que temos cerca de 400 eleitos. Temos res­pon­sa­bi­li­dades em mu­ni­cí­pios muito im­por­tantes e em todos os mo­mentos pre­ci­samos de per­ceber que cada ta­refa que es­tamos a de­sem­pe­nhar é in­se­pa­rável do re­forço do Par­tido».

Na pri­meira pessoa

«A falta de fi­nan­ci­a­mento está a atingir-nos de uma ma­neira pe­nosa. Mas a falta de in­ves­ti­mento para a cul­tura não é só para o dis­trito de Évora, é para o Alen­tejo todo.»

Pedro Es­tor­ninho

 

«Sente-se e vê-se uma maior com­pre­ensão por parte dos tra­ba­lha­dores para aquilo que são as pro­postas do PCP.»

Valter Loios

 

«A falta de re­si­dên­cias e a falta de alo­ja­mento em conta cada vez mais em­purram os es­tu­dantes para fora do En­sino Su­pe­rior.»

Clara Grácio

 

«Eu en­trei neste Par­tido através da cam­panha dos 5 mil con­tactos. De­pois de ler os Es­ta­tutos, pensei: “ainda bem que vim a este Par­tido”. Cá sou muito feliz!»

Vera Prata

 

«Antes de en­trar aqui, al­guns ca­ma­radas de Ar­rai­olos e de Mon­temor en­vi­aram-me ví­deos de es­colas em que está a chover lá dentro. Al­gumas es­colas pre­cisam de obras desde que me lembro.»

Carmen Granja




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