Do não mas sim até ao claro
O BE deu-se ao trabalho de elaborar um dossier na internet sobre o facto de o PCP mencionar num seu comunicado que o BE se tinha abstido na votação de 2016 do passe social. Um dossier que começa «O Bloco absteve-se nos passes sociais? Não.» e depois explica porque se abstiveram. Pois...
Aliás, também se poderia ter dito que o BE nunca votou a favor dos projectos-lei para alargamento do passe social: em 2016 porque se absteve, e em 1997 porque ainda nem existia. O que até ajudaria a corrigir aquela sua tendência para se por em bicos de pés, e ser o produtor original de ideias que o povo reclama e o PCP propõe há dezenas de anos.
Ou poderíamos ter escrito que foram do BE 25% dos votos contra - no conjunto dos 18 municípios - aos contratos inter-administrativos que permitiram o alargamento em curso do passe. E aí sim, estaríamos a ser mauzinhos, porque de 616 eleitos, só quatro votaram contra, um deles do BE, que se calhar até estava distraído. Sendo muito mais relevante destacar nesta tão grande unanimidade uma bela resposta às críticas de Rui Rio a uma proposta que a maioria dos eleitos locais do PSD aprovaram e um deles, um tal de Carreiras, até diz ser o autor do impulso original (que isto de se por em bicos de pés não é exclusivo do BE...)
Regressando ao tal dossier, o BE ainda se lamenta que o PCP, no mesmo dia de 2016, tenha votado contra uma sua iniciativa onde, em jogo combinado com o PS, se propunha disfarçar a não aprovação de uma lei com a aprovação de uma mera recomendação ao Governo. Manobra suficiente para merecer o voto contra a um texto que ainda valorizava «a letra e o espírito» do Regime Jurídico do PSD/CDS (o que transferiu competências para as autarquias sem os devidos recursos) e do Regulamento comunitário de liberalização do sector rodoviário! E o PCP votou contra tal disparate? Claro!