CELEBRAÇÃO Mais de seis centenas de pessoas reuniram-se num almoço, domingo passado, no pavilhão do Clube do Pessoal da Siderurgia Nacional, para assinalarem o 98.º aniversário da fundação do PCP.
Num ambiente de festa e convívio, houve tempo para troca de ideias, intervenções políticas e, claro está, corte de um bolo gigantesco para que a tradição fosse mantida.
Jerónimo de Sousa, depois de descrever a dura caminhada do Partido até aos nossos dias, debruçou-se sobre questões nacionais e as eleições para o Parlamento Europeu. «Os passos dados desde 2016 são manifestamente insuficientes para inverter o rumo do desinvestimento, mas também para concretizar necessidades urgentes de equipamentos, seja de novos centros de saúde, seja a construção do novo Hospital do Seixal», realçou.
Quanto às eleições, que se avizinham a passos largos, declarou que o importante é saber se «afirmamos corajosamente o direito soberano do País ao seu desenvolvimento, como o farão os deputados da CDU, ou se aceitamos a continuação desta opressão nacional, como o têm feito e farão os deputados do PS, PSD e CDS. Se aceitamos o aprofundamento do projecto supranacional de domínio económico e político que nos submete aos ditames dos grandes interesses e das grandes potências, como têm aceite PS, PSD e CDS, ou se afirmamos a soberania nacional como um elemento fundamental de uma alternativa progressista, como defende a CDU e os seus eleitos».
O que os distingue
é nada ou muito pouco
E continuou, agora com a ironia que lhe é reconhecida e apreciada: «Hoje, Marques, Rangel e Melo, ou seja, PS, PSD e CDS passam a vida a falar dos candidatos novos e dos candidatos velhos. Das caras novas e das caras que se repetem. De candidatos competentes e incompetentes, da minha lista que é melhor que a tua ou mais competente que a tua.
«Fazem disso o principal motivo de diferenciação. E estão a fazê-lo porque sabem que o que os distingue no plano das políticas essenciais para estruturar uma linha de rumo para a solução dos problemas do País e da vida dos povos dos países da União Europeia é nada ou muito pouco. Aliás, camaradas, dizem que há um mais baixinho, outro mais altinho, mas no essencial estão de acordo nas políticas que querem impor. É como o PS, que agora vem com a taxa de precariedade sobre as empresas. Ora, que importa ao patrão pagar uma taxa de precariedade se pode continuar a explorar o trabalho?»
E mais adiante. «Sim, a verdadeira escolha não é entre ficar na mesma, com problemas por resolver e direitos por cumprir, ou andar para trás, para os tempos da troika, do PSD e do CDS», sobretudo, quando «vemos forças revanchistas e do grande capital a jogar em vários tabuleiros, fomentando e promovendo movimentos de cariz reaccionário e declaradamente contra Abril, campanhas articuladas de intensa e sistemática acção ideológica, incluindo de aberto branqueamento do fascismo, visando confundir e desorientar os trabalhadores e as massas populares, onde a manipulação, a mentira, as acções de diversão e provocação estão quotidianamente presentes no espaço público mediático».
Gente que não teme a luta
João Ferreira, cabeça de lista da CDU às eleições para o Parlamento Europeu, fez o retrato dos candidatos que o acompanham nesta campanha. São «gente comprometida com a defesa dos trabalhadores, do povo e do País. Gente com ligação à vida, à realidade do País, que conhece os seus problemas e dificuldades, que conhece como ninguém as suas potencialidades. Gente com uma concepção de intervenção política orientada para o bem comum. Gente que luta. E que não vira a cara à luta perante as adversidades. Gente que não se resigna, que não desiste».
E prosseguindo na mesma linha: «Uma lista em que as mulheres e os jovens têm um papel destacado, mas não para enfeitar ou compor as estatísticas. Assumem lugares cimeiros na lista como candidatos responsáveis. Irão também assumir responsabilidades no Parlamento Europeu. Gente que assume e afirma um renovado compromisso em defesa do povo e do País. Um compromisso firmado sobre esse chão nosso, seguro e confiável, que é rico património de intervenção dos comunistas portugueses no Parlamento Europeu».
Outras vozes
Jorge Gonçalves, da Comissão Concelhia do Seixal, arrolou as grande batalhas em curso no concelho travadas pelo Partido e a organização a que pertence. Por isso, saudou as «lutas dos estudantes nas escolas pela melhoria das instalações», bem como a dos «trabalhadores da SN-Seixal e Ludsosider contra a precariedade, dos trabalhadores da Transtejo por aumentos salariais e condições de trabalho, a luta dos auxiliares de acção educativa contra a precariedade e pela contratação de mais funcionários, a luta dos professores pela contagem do tempo de serviço». Lembrou ainda a batalha dos trabalhadores da autarquia pela progressão na carreira e valorização salarial, a luta em defesa da manutenção dos balcões dos CTT e da CGD, e a luta, «que valeu a pena», pelo passe social intermodal para toda a região e todos os operadores.
As lutas em curso ou programadas foram também o tema da intervenção de Gonçalo Costa, da JCP. Este mês «está repleto de exemplos de que a juventude vai à luta pelo que é seu, sabendo que os direitos se conquistam, não são dados de mão beijada! O 24 de Março, Dia do Estudante, vai ser comemorado em luta por todo o país».
Os presentes foram informados que nessa luta participarão também os estudantes do Ensino Secundário e do Ensino Superior, estes no dia 26, exigindo «mais financiamento para as faculdades, o fim das propinas e uma Acção Social digna».