«Oportunidade a não perder» para fazer avançar o País
ELEIÇÕES «Avançar é preciso! Andar para trás não», afirmou, sábado, 23, nos distritos de Viseu e Guarda, João Ferreira, deputado e primeiro candidato da CDU às eleições para o Parlamento Europeu.
Os tempos próximos são de escolhas decisivas
Num programa ambicioso, o dia começou, bem cedo, na bonita cidade de Lamego, no distrito de Viseu. Frente ao Centro de Trabalho dos comunistas, na Avenida Alfredo Sousa, encontrava-se já um numeroso grupo de activistas da CDU, com dirigentes locais e nacionais do PCP e do Partido Ecologista «Os Verdes», que acompanharam João Ferreira. Dali – munidos de um documento que reclamava «Mais força à CDU» para «pôr o País a avançar e a vida dos trabalhadores e do povo a melhorar» – seguiram para um contacto com a população.
Recebido com enorme simpatia, o deputado comunista lembrou que as próximas eleições para o Parlamento Europeu, que se vão realizar a 26 de Maio, são uma «oportunidade a não perder» para romper com décadas de comprometimento e de abdicação nacional perante a União Europeia (UE) e as suas políticas, levadas a cabo por PS, PSD e CDS, que são responsáveis por um País desigual, empobrecido e dependente. Que o digam os pequenos comerciantes contactados, que se queixaram da concorrência «desleal» das grandes superfícies comerciais. Mas também as populações que – reconhecendo o papel determinante do PCP nos avanços na defesa, reposição e conquista de direitos, que aconteceram nos últimos três anos – continuam a queixar-se, por exemplo, dos baixos salários e reformas, da precariedade laboral, mas também da falta de serviços públicos, problema agravado no interior do País.
Como se explica no documento distribuído, ou por outras palavras, Portugal precisa de uma política que assegure os meios e os instrumentos necessários para ultrapassar os seus problemas. Em Lamego, a acção terminou com um «até amanhã camaradas».
Acção na Mesquitela
Dali, o primeiro candidato da CDU às eleições para o PE seguiu para Mesquitela, freguesia extinta pelo anterior governo PSD/CDS e integrada numa União com Mangualde e Cunha Alta.
À sua espera estava a maior parte dos residentes, para manifestarem, uma vez mais, a sua profunda preocupação com o projecto de construção de um grande aviário dentro da área urbana da localidade. «A vontade da população não pode ser ignorada», frisou João Ferreira.
Num abaixo-assinado com centenas de assinaturas alerta-se para o facto de a Câmara Municipal de Mangualde pretender licenciar (ou já licenciou) o pedido de edificação de um aviário para milhares de aves, depois de estarem previstos outros projectos: estufas para a produção de cogumelos e uma plantação de avelaneiras. Esta diversidade de propostas para o mesmo terreno levanta naturais suspeitas junto da população. Interrogam-se os moradores sobre o que terá levado os promotores a alterar o projecto inicial.
Numa «roda» à volta do convidado, para que todos pudessem ouvir e participar, foi destacado o facto de João Ferreira ser o primeiro deputado do Parlamento Europeu e da Assembleia da República (AR) que ali se deslocou.
Valorizadas foram também as perguntas que o Grupo Parlamentar do PCP – que não tem nenhum deputado eleito pelo círculo do distrito de Viseu – entregou na AR, dirigida ao Governo, a solicitar um «cabal esclarecimento da situação», nomeadamente se o Plano Director Municipal contempla «para este terreno em concreto a edificação de estruturas em alvenaria».
«Quais os pressupostos legais que permitem a construção de um aviário dentro de uma área urbana?», «tem o Ministério do Ambiente conhecimento se foi feito o conveniente estudo de impacto ambiental?», «que medidas vão ser tomadas para o devido tratamento dos inertes, estrumes e efluentes do equipamento avícola?» e «que medidas vai o Governo tomar para que sejam respeitadas as linhas de água históricas do local e o acesso da população às águas subterrâneas?», foram outras das questões colocadas.
Entretanto, o candidato e deputado pôde ver com os seus próprios olhos o bloqueamento do curso de linhas naturais e o soterramento de captações e minas de água existentes, levadas a cabo pela movimentação de terras para a construção do aviário, com uma capacidade muito superior à licenciada (39 mil aves).
No final, João Ferreira assumiu o compromisso de perguntar à Comissão Europeia se aquele projecto «tem apoios públicos vindos da UE» e se «todos os requisitos ambientais foram cumpridos».
Hoje, às 21h00, Fernando Campos, eleito da CDU, colocará o problema na Assembleia Municipal de Mangualde.
Todos os votos contam para defender Portugal
João Ferreira participou, depois, num almoço em Mangualde, no restaurante Gestur, onde marcaram presença mais de uma centena de pessoas. Um vasto conjunto de livros das Edições Avante!, onde se destacava a Fotobiografia de Álvaro Cunhal, podia ser adquirido no espaço, bem como o Jornal Avante!. Aceitavam-se também inscrições para a Manifestação Nacional de Mulheres, promovida pelo MDM (ver pág 8 e 9).
Em representação do PCP estiveram Fernando Campos, da Direcção da Organização Regional (DOR) de Viseu e eleito na AM de Mangualde, Avelino Mesquita e Manuel Gadelha, do Secretariado da DOR, José Roque, do Secretariado da DOR, João Abreu, do Secretariado da DOR e do Comité Central, Octávio Augusto, da Comissão Política, e Alexandre Araújo, do Secretariado.
Isabel Souto e Miguel Martins, respectivamente do Conselho Nacional e da Direcção Nacional do Partido Ecologista «Os Verdes» (PEV), também participaram naquela importante iniciativa.
Francisco Almeida, da DOR, destacou que o PCP e o PEV não «intervém na vida nacional só quando há eleições», apresentando «um histórico de trabalho e de intervenção quotidiana», em «defesa dos interesses dos trabalhadores e das populações», na «área da saúde, da educação, nas questões ambientais, nas vidas de comunicação, na luta contra as portagens e pelo caminho de ferro para a cidade de Viseu».
Por seu lado, Isabel Souto, depois de elencar um conjunto de propostas que foram aprovadas na Assembleia da República nos últimos três anos, como a redução do custo dos passes sociais nos transportes públicos, apelou: «Mais força à CDU» nas eleições que se vão disputar em 2019 «será a forma de ver defendidos os interesses do povo português, na procura de uma vida e de um ambiente melhor», seja no PE, seja na AR.
No final, João Ferreira acusou o Governo minoritário do PS de estar submetido às «imposições da UE», o que contribuiu para que não se desse resposta, por exemplo, às «obras de requalificação do IP3», à «eliminação das portagens em muitas das auto-estradas do interior do País», no «financiamento devido ao Serviço Nacional de Saúde», na «elevação dos salários». «António Costa tem andado por ai a dizer que o PS é o partido que melhor defende a UE, mas aquilo que os portugueses precisam é de quem os defenda no PE», afirmou.
Neste sentido, o candidato lembrou que, também, no PE «os partidos não são todos iguais» e que os três deputados do PCP, num total de 21, «fizeram mais do que as outras forças todas juntas», em termos de pareceres (100), relatórios (90), perguntas escritas (1191), intervenções (3177) e declarações de voto (2263).
Desenvolvimento regional
O périplo de João Ferreira terminou na Freguesia de São Romão, Seia, com uma sessão subordinada ao tema «Soberania nacional e desenvolvimento regional», na qual participaram e intervieram largas dezenas de pessoas, como Isabel Souto. José Pedro Branquinho, da DOR da Guarda, acusou o PS, o PSD e o CDS de, ao longo das últimas quatro décadas, terem «destruído grande parte do aparelho produtivo nacional». «Desde a adesão à CEE foram encerradas milhares de empresas, muitas delas no nosso distrito», apontou. O dirigente comunista abordou ainda os «problemas da floresta» e do «mundo rural», defendendo a necessidade do País «produzir mais e melhor».
João Ferreira deu como exemplo o sector do leite para ilustrar o estado em que se encontra a agricultura nacional. «Até há pouco tempo, Portugal era auto-suficiente no sector do leite», ou seja, «produzíamos para as nossas necessidades. Fruto das decisões que foram tomadas pela UE, de acabar instrumentos de protecção da agricultura, nomeadamente as quotas leiteiras, hoje vemos o nosso mercado cada vez mais encharcado de produção estrangeira», lamentou, dando conta do encerramento, nos últimos anos, de «milhares e milhares de explorações agrícolas leiteiras». Noutros sectores, como a indústria e a pesca, a situação não é diferente. Dai a necessidade de «dar força a quem tem» uma «política alternativa, patriótica e de esquerda» para o País, sublinhou.