Teólogo, humanista e pedagogo do Renascimento, conhecedor do latim, grego, hebraico e árabe, Nicolau Clenardo (Nicolas Cleynaerts) nasceu na Flandres e leccionou em Lovaina, Paris, Salamanca e na corte portuguesa, onde chega através do humanista português André de Resende, que a mando do rei D. João III o convida para preceptor do futuro cardeal D. Henrique. Permaneceu em Portugal entre 1533 e 1538, e a ele se deve a fundação, em Braga, do Colégio Latino segundo orientações didáticas inovadoras, privilegiando a vertente prática: oralidade e escrita como base do entendimento da língua a aprender. O estudo do árabe, que sempre o fascinou, leva-o até à cidade marroquina de Fez, onde procura entender o mundo muçulmano e as suas problemáticas sociais e religiosas. Cleonardo acreditava que era possível o diálogo entre cristãos e muçulmanos e que por essa via estes podiam ser convertidos ao cristianismo. Num período de conversões forçadas, de repressão e de domínio da Inquisição, as ideias de Clenardo foram incompreendidas por ambos os lados. Expulso de Fez e perseguido pela Inquisição espanhola, morre na indigência em Granada, em 1542. As suas obras principais são Institutiones in Linguam Graecam, Meditationes Graecanicae e Institutiones Grammaticae Latinae.