Matutano parou para contestar laboração contínua

GREVE Os tra­ba­lha­dores da Ma­tu­tano, no Car­re­gado, pa­raram a fá­brica no dia 3, porque não aceitam a im­po­sição de um re­gime ho­rário que é mais pe­noso e reduz o valor do tra­balho.

A luta é a res­posta às pres­sões pa­tro­nais para pagar menos

Com uma adesão pra­ti­ca­mente total, a greve con­vo­cada pelo Sin­di­cato dos Tra­ba­lha­dores da Agri­cul­tura e das In­dús­trias de Ali­men­tação, Be­bidas e Ta­bacos (Sintab) deu se­gui­mento a idên­tica jor­nada, re­a­li­zada no dia 21 de De­zembro. Também na quinta-feira da se­mana pas­sada um muito nu­me­roso grupo de tra­ba­lha­dores con­cen­trou-se, desde as pri­meiras horas da pa­ra­li­sação, frente à por­taria da fá­brica da mul­ti­na­ci­onal Pep­siCo, no Car­re­gado (Alen­quer).
A la­bo­ração es­tava or­ga­ni­zada em três turnos, de se­gunda a sexta-feira, mas a ad­mi­nis­tração de­cidiu ini­ciar este ano um re­gime de la­bo­ração con­tínua. Passa a vi­gorar um ho­rário de seis dias de tra­balho, com uma folga se­manal ro­ta­tiva e duas folgas fixas a cada três se­manas, sem ne­nhuma com­pen­sação fi­nan­ceira, pois os sá­bados e do­mingos passam a ser con­si­de­rados dias nor­mais de tra­balho.
Esta al­te­ração, como acusou o Sintab, na vés­pera da greve, viola o con­trato co­lec­tivo de tra­balho em vigor, o qual não prevê a la­bo­ração con­tínua e es­ta­be­lece a obri­ga­to­ri­e­dade de dois dias de folga se­guidos, sendo que deve ficar con­tem­plando, no mí­nimo, um fim-de-se­mana por mês.
Para tentar obter o con­sen­ti­mento es­crito de tal prá­tica, a em­presa tem re­cor­rido sis­te­ma­ti­ca­mente a in­ti­mi­dação, ame­aças e terror psi­co­ló­gico, afirmou o Sintab.
O sin­di­cato apre­sentou queixa à Au­to­ri­dade para as Con­di­ções do Tra­balho e ad­mite avançar para tri­bunal.
No dia 4, em ple­ná­rios, os cerca de 200 tra­ba­lha­dores de­ci­diram «dar hi­pó­tese à em­presa de ne­go­ciar um acordo para a la­bo­ração con­tínua» e «en­tregar 12 ou 13 pro­postas para me­lhores con­di­ções de tra­balho», afirmou à agência Lusa um di­ri­gente do Sintab. Rui Ma­tias não adi­antou o con­teúdo das pro­postas, que iam ser apre­sen­tadas pri­meiro à ad­mi­nis­tração.

Ro­do­viária do Tejo

Também no dia 3 en­traram em greve os tra­ba­lha­dores da Ro­do­viária do Tejo, da Ro­do­viária do Oeste e da Ro­do­viária do Lis, com «adesão muito ele­vada, ron­dando os 90 por cento entre os mo­to­ristas», como in­formou a União dos Sin­di­catos de San­tarém, dis­trito onde se situa a sede do grupo.
Com esta greve de dois dias, os tra­ba­lha­dores pros­se­guiram a luta por me­lhores sa­lá­rios e pela uni­fi­cação das re­gras de tra­balho no uni­verso destas em­presas.
Ao final da manhã do pri­meiro dia de greve, teve lugar uma con­cen­tração de tra­ba­lha­dores em Lisboa, frente à sede do Grupo Bar­ra­queiro (que par­tilha com a Transdev a pro­pri­e­dade da Ro­do­viária do Oeste). Ficou de­ci­dido avançar para novas formas de luta, in­cluindo uma greve nos dias 4 e 5 de Fe­ve­reiro, adi­antou a Fe­de­ração dos Sin­di­catos de Trans­portes e Co­mu­ni­ca­ções (Fec­trans/​CGTP-IN).

 



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