1973 – URSS recusa jogar no Estádio de Santiago
Duas semanas depois do golpe militar orquestrado pelos EUA e capitaneado por Pinochet que instaurou no Chile uma sangrenta ditadura, a selecção chilena de futebol enfrentou a URSS na repescagem da vaga para o Mundial do ano seguinte na Alemanha Ocidental. O jogo, realizado em Moscovo, no Estádio Lénine, reflectiu a situação política. Pinochet, que havia fechado as fronteiras, autorizou a saída dos jogadores mas sequestrou-lhes as famílias como garantia de que não haveria dissidências e manifestações políticas. O jogo terminou num 0 a 0 que a imprensa chilena noticiou como «empate triunfal». A partida seguinte deveria realizar-se no Chile, no Estádio de Santiago, que Pinochet transformara num campo de concentração em que milhares de chilenos foram torturados e mortos. Os soviéticos recusaram participar por «respeito ao sangue chileno derramado no local», como refere o comunicado oficial de desistência. A FIFA, que vistoriou o Estádio após o ditador ter transferido os presos para o deserto de Atacama, onde muitos perderam a vida, não viu motivos para o protesto. A 21 de Novembro a equipa chilena entrou em campo para um jogo sem adversário e em 30 segundos goleou uma baliza vazia. O lema do Estádio adverte os adeptos: «Um povo sem memória é um povo sem futuro».