24 de Fevereiro de 1837 – Nasce Rosalía de Castro
«Abre esa ventana, que quiero ver el mar». Estas terão sido, segundo os seus biógrafos, as últimas palavras de Rosalía de Castro, a mais universal escritora galega, ao morrer com apenas 48 anos na sua casa de Padrón – hoje Museu, conhecido como Casa da Matanza – de onde não se pode ver o mar. Nascida dos amores de uma fidalga e de um padre, Rosalía carregou consigo o estigma de «filha de pais incógnitos», mas cedo se revelou uma mulher à frente do seu tempo, capaz de desafiar os preconceitos sociais, desde logo ao assumir-se como escritora, ofício exclusivo de homens. «Eu sou livre. Nada pode conter a marcha dos meus pensamentos, e eles são a lei que rege o meu destino», escreveu aos 21 anos, num texto em que, reflectindo sobre a condição feminina, dizia sem rebuços que o «património da mulher são as grilhetas da escravatura». Consagrada como a escritora que devolveu ao galego o seu carácter de língua culta – a obra Cantares Gallegos é considerada como um livro fundamental para o «Rexurdimento galego», recuperação da identidade galega – Rosalía de Castro foi também uma pioneira da defesa dos direitos das mulheres. Em prosa e em verso, elas estão sempre presentes, numa altura em que «às mulheres ainda não é permitido escrever o que sentem e o que sabem».