Resultados dão ânimo à luta nas empresas do Grupo Barraqueiro
REIVINDICAÇÃO Os aumentos salariais alcançados no Algarve e em Lisboa mostram que o Grupo Barraqueiro tem condições para responder às reivindicações dos trabalhadores que motivaram a greve de dia 19.
São contestados salários baixos, horários longos e disparidades
«Os salários têm de crescer e têm de ser unificadas as relações de trabalho nas empresas», exige-se na resolução aprovada na passada sexta-feira, de manhã, durante uma concentração junto à sede do grupo, no Campo Grande, em Lisboa.
Em dia de greve na Barraqueiro Transportes (que agrupa as empresas Boa Viagem, Estremadura, Mafrense, Barraqueiro Oeste e Barraqueiro Alugueres), na Rodoviária do Alentejo, na Isidoro Duarte e na JJ Santo António, ali se reuniram dirigentes e delegados da Fectrans e do Sindicato dos Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP) e outros trabalhadores, aos quais se juntou o Secretário-geral da CGTP-IN.
A administração «tem medo da negociação e hoje não teve coragem de enfrentar uma delegação dos trabalhadores que tentou entregar a resolução», acusou a federação, destacando que uma nova greve ficou já decidida para dia 9 de Novembro.
A 19 de Outubro, os trabalhadores «demonstraram, com uma forte adesão à greve, o seu descontentamento pelas posições da administração». De acordo com a nota publicada pela Fectrans, «com determinação e coragem resistiram às pressões das diversas hierarquias das empresas e, em força, participaram na greve», com níveis de adesão a variar 60 e 95 por cento.
Esta terá sido a maior greve de sempre na Barraqueiro Transportes, atingindo 95 por cento de adesão na Boa Viagem.
Os trabalhadores, afirma-se na resolução, «não abdicam da sua reivindicação de aumento dos salários e demais matérias constantes dos seus cadernos reivindicativos», e insistem que uma resposta patronal positiva «é possível nas empresas do Grupo Barraqueiro, conforme demonstram os resultados obtidos pelas lutas na EVA, na Próximo, na Frota Azul, na Translagos e, mais recentemente, na Rodoviária de Lisboa».
A greve a 9 de Novembro, com as mesmas reivindicações da luta de dia 19, será convocada em devido tempo pelo sindicato e a federação, caso até lá não ocorram «negociações sérias em que sejam discutidas as reivindicações sindicais», ou se, iniciando-se negociações, estas não tiverem «resultados que apontem para a melhoria dos salários e das condições de trabalho», afirma-se na resolução.
Acordo em Lisboa
Em plenários, os trabalhadores da Rodoviária de Lisboa decidiram mandatar a Fectrans para dar acordo aos valores constantes na proposta formalizada dia 15 pela administração, informou a federação no dia 17. Num comunicado, salienta-se que «sem a marcação da greve [para 19 de Outubro], sem a grande disponibilidade e mobilização manifestadas pelos trabalhadores, a administração não teria apresentado qualquer proposta».
O acordo foi formalizado no dia 18 e divulgado pela Fectrans. No comunicado, admite-se que os valores ainda ficam «aquém das aspirações de quem trabalha», mas «colocam-nos em melhor posição para as próximas lutas pelo aumento dos salários».
Foi decidido não fazer uso do pré-aviso de greve, dia 19, mantendo «toda a solidariedade» para com os trabalhadores das empresas abrangidas pela luta.