REIVINDICAÇÃO Às lutas no Grupo EVA, a administração reagiu com uma divulgação directa de aumentos salariais, mas acabou por negar a negociação desses valores para acordo com a Fectrans.
Para amanhã, dia 28, às 11h30, está convocada greve nas transportadoras algarvias do universo Barraqueiro (EVA Transportes, Próximo, Frota Azul e Translagos), com deslocação dos trabalhadores a Lisboa, para se concentrarem frente à sede (Campo Grande, 382C) da SGPS detida por Humberto Pedrosa e pela multinacional Arriva, que há oito anos foi comprada pela alemã Deutsche Bahn.
A realização desta jornada fora admitida no início do mês, quando a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans/CGTP-IN) e o seu Sindicato dos Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (Strup) formalizaram um «desafio para acordo». Acusando a administração da EVA de tentar dividir os trabalhadores, através de propostas directas de actualização salarial, foi declarado à empresa, à associação patronal Antrop e à DGERT (Ministério do Trabalho) que os montantes indicados nesses contactos, «se apresentados numa mesa negocial, podem constituir uma base de trabalho e discussão com vista à obtenção de um acordo».
No dia 12, numa reunião na sede da Antrop, os representantes da empresa «tentaram que a discussão ignorasse os valores que tinham sido apresentados directamente aos trabalhadores pelo próprio patrão» e rejeitaram uma proposta sindical baseada nesses valores, como relatou a federação, ao confirmar a greve e a concentração de amanhã, reclamando «seriedade na negociação».
A par de aumentos salariais, ainda diferentes na EVA Transportes (onde existe Acordo de Empresa) e nas restantes três empresas do grupo, a federação propôs a unificação das tabelas salariais em 2020.
Num comunicado deste domingo, dia 23, a Fectrans reiterou que o Grupo Barraqueiro tomou a opção de não chegar a acordo, responsabilizando-a pela não resolução do actual conflito laboral. Mantendo o apelo à luta pela valorização salarial, a federação exigiu que, «sem prejuízo do resultado da negociação, o patrão aplique já os valores salariais que divulgou» por escrito aos trabalhadores.
Para todos
A federação alargou o apelo à participação na concentração de amanhã, «para que os salários em todas as empresas do Grupo Barraqueiro subam agora», porque nelas há salários baixos, desregulamentação da organização do trabalho, não cumprimento da contratação colectiva, até ao momento em que os trabalhadores se mobilizam e lutam».
Assim ocorreu nas quatro empresas EVA, «onde perante a luta o patrão apresentou novos valores salariais» que «são já superiores aos valores nas restantes empresas», destacou a Fectrans, num comunicado de dia 24.
Para permitir a deslocação à sede, o âmbito do pré-aviso de greve foi alargado a todo o Grupo Barraqueiro.
Falta a Carris
Do conjunto das empresas públicas de transportes, só na Carris não se negociou nem se está a negociar o aumento dos salários, protestou a Fectrans. Num comunicado de dia 23, apelou à luta dos trabalhadores, em torno de uma proposta sindical em preparação, e recordou que os salários em vigor são os mesmos de 2009.
A federação indica os casos das transportadoras CP, EMEF, IP, Transtejo, Soflusa, STCP e Metro de Mirandela (empresa municipal onde o acordo salarial foi firmado no dia 21), nas quais os novos salários acordados já estão a ser aplicados, e refere a situação do Metropolitano de Lisboa, onde decorre negociação.
É registado o recuo da administração da Carris relativamente à discriminação salarial de trabalhadores associados do sindicato da Fectrans (Strup), para insistir na exigência de que seja assinado o Acordo de Empresa negociado e acordado, cujo texto foi dado como final a 12 de Junho.
Este texto, assinado pelos representantes sindicais, iria ontem ser entregue ao ministro do Trabalho, exigindo que este cumpra as suas competências legais como promotor da contratação colectiva, providenciando para que a parte patronal o assine também, de forma a seguir para publicação.
Em seguida, ao final da tarde, a Fectrans iria colocar o problema na reunião pública da Câmara Municipal de Lisboa, que detém a Carris desde 1 de Fevereiro de 2017 e tem responsabilidades para lá da nomeação dos administradores.
- Aumentos na Barraqueiro (actualização)