- Nº 2334 (2018/08/23)

Afirmar a nossa soberania, libertar o País das amarras

Em Foco

LUTA Afirmar a soberania do País e libertá-lo das imposições da União Europeia e do euro são razões fortes para a continuação da luta dos comunistas, afirmou Jerónimo de Sousa na Mina de São Domingos.

Um dia na Mina de São Domingos. Assim se chamou o almoço-convívio, realizado no domingo, 19, naquela aldeia do concelho de Mértola, por iniciativa da Direcção da Organização Regional de Beja (DORBE) do PCP e com a participação de três centenas de pessoas, entre militantes e amigos do Partido.

Depois do almoço, à sombra das árvores, a festa continuou com cante alentejano, a cargo do Grupo Coral da Mina de São Domingos. Seguiram-se as intervenções políticas e ao palco subiram José Baguinho, Orlando Pereira, João Dias e Elsa Dores, da DORBE, João Pauzinho, do Comité Central, João Dias Coelho, da Comissão Política, e Jerónimo de Sousa, Secretário-geral.

José Baguinho falou das tradições mineiras da terra, elogiou a obra da CDU quando foi maioritária no concelho – de que é exemplo a praia fluvial da Tapada Grande –, denunciou os problemas da região, da falta de acessibilidades rodoviárias e ferroviárias às deficiências nos serviços de saúde e educação, passando pela extinção de freguesias, tudo isso agravando a desertificação.

Jerónimo de Sousa saudou os cantadores da Mina, que contribuíram para «retemperar as energias» para os combates que aí vêm. Desde logo a construção e realização da Festa do Avante!, que a 7 de Setembro abrirá as suas portas «à participação de milhares e milhares de portugueses que a sentem como sua, num espaço fascinante de convício, alegria, amizade, onde o trabalho, a cultura, a política e a solidariedade à volta das grandes causas dos povos se expressam de mil formas».

O Secretário-geral do PCP abordou a actualidade política nacional, destacando que, nestes últimos dois anos e meio, «como resultado das muitas lutas desenvolvidas pelo nosso povo e pela acção directa do PCP, foi possível concretizar, embora de forma limitada, um conjunto de medidas que traduzem uma real melhoria das condições de vida para os portugueses».

Razões fortes
para continuar a luta

Segundo Jerónimo de Sousa, «olhando hoje para a evolução da situação do País, vemos como foi importante a iniciativa que tomámos para cortar o passo à ofensiva que estava em curso, executada pelo Governo PSD-CDS».

Derrotou-se esse governo mas não a política de direita: «Apenas se derrotou a sua versão mais refinada de exploração e empobrecimento que tal governo concretizou. Não se derrotaram aspectos nucleares da política de direita». E desenvolvimentos recentes mostram isso mesmo, como as convergências PS/PSD/CDS, em particular na questão fundamental da legislação laboral, ou a convergência PS/PSD na chamada descentralização do território.

O líder do PCP evocou as conquistas alcançadas com a contribuição decisiva que o Partido tem assumido na reposição, defesa e conquista de direitos. Mas isso «não ilude» uma questão essencial: a de que a resposta plena aos problemas do País exige uma política alternativa, patriótica e de esquerda capaz de dar solução a problemas estruturais.

Por isso, insistiu, não haja ilusões: «Portugal precisa de uma política em ruptura com as receitas e caminhos que afundaram o País, independentemente de ser realizada pelo PSD e CDS ou pelo PS, sozinho ou não», precisa de uma alternativa política patriótica e de esquerda. E este objectivo «só é concretizável com o decisivo reforço do PCP e da sua influência».

É uma luta difícil: «A nossa força é esta que está aqui – contactando, convivendo, mobilizando. Não temos a comunicação social, não temos o apoio do grande capital, mas temos esta força, de homens, mulheres e jovens que têm a consciência de que a força deste Partido é determinante para conseguir uma outra política. Força para nos libertarmos dos constrangimentos e das imposições estrangeiras, das imposições e dos constrangimentos da União Europeia e do euro. Temos de nos libertar, temos de afirmar a nossa soberania. Porque este povo tem o direito de saber construir o seu próprio devir colectivo. O povo português tem a palavra decisiva. Por isso, libertar Portugal destas amarras, continuar na senda do desenvolvimento económico e social, conseguir uma vida melhor para os portugueses, são razões fortes para a continuação da nossa luta!».